Brasil

Pai rejeita filha trigêmea após tratamento de inseminação artificial

Diário de Pernambuco
postado em 02/04/2011 21:13
Um caso de rejeição de bebê nascido de inseminação artificial escandaliza especialistas em Curitiba, no Paraná. Um casal realizou tratamento de reprodução assistida. Logo no início da gestação, a mulher ficou sabendo que engravidou de trigêmeas. O pai, no entanto, disse que só queria duas crianças. As crianças nasceram em uma maternidade de Curitiba e o pai tentou abandonar uma das meninas. Afirmou que levaria para casa apenas duas.

O casal é de classe média alta. O Ministério Público, através de uma liminar obtida na Justiça, impediu o casal de levar os bebês para casa. Os pais perderam a guarda das três crianças, que foram encaminhadas a um abrigo. O Ministério Público informou que não vai se manifestar sobre a questão, já que todo caso envolvendo crianças é tratado sob segredo de Justiça. A Justiça deve decidir o destino dos bebês.

O médico que acompanhou o caso, Karan Abou Saad, afirmou que em seus 36 anos de profissão nunca viu algo parecido, de o pai rejeitar os filhos, ou um dos filhos, após o casal se submeter à técnica de inseminação artificial. ;Nosso sucesso significa bebê em casa. A partir de hoje surgiu uma nova modalidade, de bebê não-aceito. É uma situação inédita`.

Quando se submete à técnica de reprodução assistida, os casais assinam um termo no qual se dizem cientes de que poderão ter mais de um filho. O médico Karam Saab disse que a maioria dos casais inférteis que chega à sua clínica inclusive opta por ter gêmeos. ;E nós é que desencorajamos. O ideal é ter um bebê de cada vez. Para isso, evitamos excesso de medicamentos. Mas, às vezes, vêm gêmeos, trigêmeos ou quadrigêmeos. E todos reagem bem a isso`.

O médico lembra que os casais que procuram por uma inseminação artificial entram num ciclo de ansiedade e estresse durante o processo de fertilização, que podem desencadear reações diversas. ;O casal infértil é especial, diferente. Ele não tem condições de aceitar essa deficiência. Ambos entram num ciclo muito grande de ansiedade, estresse, frustrações. Nós esperamos qualquer coisa, mas nunca isso`, diz o médico. O casal não quis se pronunciar a respeito do assunto. A advogada Adriana Hapner diz que o caso é delicado e que a prioridade é sempre garantir o direito das crianças.

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