postado em 07/04/2011 08:12
A proliferação das bactérias e de outros microorganismos resistentes à maior parte dos medicamentos requer atenção por parte dos governos e das autoridades médicas. É com esse alerta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu o combate à resistência microbiana como tema do Dia Mundial da Saúde deste ano, comemorado hoje (7/4).Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o avanço desses microorganismos ameaça a eficácia de vários tratamentos e cirurgias, como o de câncer e o transplante de órgãos. Além disso, a resistência microbiana deixa as pessoas doentes por mais tempo, eleva o risco de morte e torna os tratamentos caros. No ano passado, foram registrados, pelo menos, 440 mil casos de tuberculose multirresistente e 150 mil mortes em mais de 60 países.
O uso indiscriminado dos antibióticos é apontado como a causa principal para o surgimento das superbactérias. Desde a descoberta da penicilina, o antibiótico é a grande arma da medicina contra as doenças causadas por bactérias. Com o uso intenso e frequente desse tipo de remédio, as bactérias criaram mecanismos para contornar a ação do remédio, que passa a ser incapaz de matá-la, como explica o imunologista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Glacus Brito.
;Os antibióticos estão cada vez mais incompetentes no sentido de eliminá-las;, disse ele. As superbactérias circulam, principalmente, dentro dos hospitais. Por isso, pacientes internados em unidades de terapia intensiva ou com saúde muito debilitada ficam mais suscetíveis à infecção.
Para a OMS, o combate passa pelo controle da prescrição de antibióticos, o desenvolvimento de novas drogas e a higienização das mãos, principalmente por parte dos profissionais de saúde. No entanto, estudos internacionais mostram que grande parte dos profissionais não segue a orientação, ou seja, não adota o hábito de lavar as mãos com água e sabão antes e após atender um paciente ou de algum procedimento cirúrgico. As justificativas são as mais variadas, como falta de tempo, estrutura ou intolerância aos produtos de assepsia.
O álcool em gel tem sido uma opção de higienização dentro dos hospitais. No ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tornou obrigatório o uso do produto em unidades de saúde públicas e particulares. O diretor-geral do Hospital de Base do Distrito Federal, Julival Ribeiro, conta que os suportes com o produto podem ser afixados nos corredores, leitos e enfermarias, facilitando o acesso aos profissionais, visitantes e acompanhantes. ;A bactéria não voa. Eu brinco que ela pode voar por meio das mãos, podendo ser levada de um paciente para o outro. É um ato simples e que salva vidas [higienizar as mãos];, destaca o diretor.
Para enfrentar a resistência microbiana, o ozônio pode ser uma alternativa. O imunologista Glacus Brito desenvolveu uma pesquisa em que já conseguiu matar dez tipos de bactérias resistentes depois de ficarem cinco minutos expostas ao ozônio.
;O ozônio pode ser uma grande alternativa no controle dessas bactérias. A ação do ozônio é diferente do antibiótico. Ele rompe, fura, queima e destrói a parede da bactéria;, explicou. Dentro de dois meses, o pesquisador e sua equipe devem iniciar os testes de desinfecção de salas de cirurgia e leitos com vaporização de ozônio.