Brasil

"Ele não tinha amigos, era estranho e reservado", diz irmã de atirador

Wellington Menezes de Oliveira saiu de casa havia oito meses e foi morar em Sepetiba

postado em 07/04/2011 16:09
Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, atirou e matou 11 alunos em Realengo (RJ)Identificado como o autor dos disparos que causaram a morte de 11 estudantes, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, foi aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, palco da tragédia. Segundo familiares, Wellington era uma pessoa reservada e que não tinha amigos. Filho adotivo, ele saiu da casa onde morava com a irmã havia oito meses e se mudou para Sepetiba, no Rio.

; Na época da eleição, ele veio aqui. Chamei para almoçar, ele não queria. Falava muita besteira. Ele só ficava na internet, não tinha amigos, era muito estranho e reservado. Só falava de negócio de muçulmano... Essas coisas assim ; disse a irmã dele, Rosilane Oliveira.

Quando viu o irmão adotivo pela última vez (os pais já são falecidos), no fim do ano passado, Rosilane disse que ele estava com a barba grande.

Wellington teria entrado no colégio se fazendo passar por palestrante. Bem vestido, ele não despertou suspeitas de professores e funcionários. Segundo a polícia, ele atirou na própria cabeça depois de balear as crianças. De acordo com Claudia Costin, secretária municipal de Educação, Wellington teria visitado a escola havia um ano.

Premeditação

[SAIBAMAIS]Com o atirador, a polícia encontrou uma carta suicida, que falava sobre islamismo e terrorismo. Para o comandante do 14; Batalhão da Polícia Militar (Bangu), Djalma Beltrame, a carta demonstra a premeditação do crime. A correspondência que, segundo a polícia, contém frases incompreensíveis e desconexas, foi entregue à Delegacia de Homicídios, para fins de investigação.

Em um dos trechos do documento, com forte teor de fanatismo religioso, o atirador diz ser portador do vírus HIV e que via "impureza nas crianças". Na carta, Wellington chegou a comentar que cometeria suicídio e fez um pedido sobre como gostaria que fosse seu sepultamento. Ainda não há informações sobre o que teria motivado o crime.

O ataque

Oliveira entrou a Escola Municipal Tasso da Silveira durante o horário de aula, por volta das 8h. Ex-aluno, ele se apresentou como palestrante, o que lhe deu livre acesso à instituição. De acordo com a chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, a escola estava contatando ex-alunos por causa das comemorações dos 40 anos de funcionamento. Alguns deles dariam palestras aos atuais estudantes.

O atirador se apresentou como ex-aluno e chegou a ser reconhecido por uma professora. Em seguida, ele efetuou os primeiros disparos contra as crianças, no primeiro e segundo andares da escola. O atirador estava com dois revólveres 38 com acelerador de disparos e muita munição em um cinto especial.

Uma das crianças conseguiu escapar e pediu ajuda a policiais militares do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV), que davam apoio a uma blitz nas proximidades da escola, na Rua Piraquara. Ao chegar ao local, o sargento Márcio Alvesl flagrou Oliveira saindo de uma sala e indo para o terceiro andar. Alves atirou na perna do criminoso e pediu que ele largasse a arma. O homem caiu baleado e, ao ser rendido, atirou contra a própria cabeça.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação do Rio, cerca de 400 alunos, divididos em 14 turmas, estudam na escola no período da manhã. De acordo com os pais e vizinhos, muitos professores salvaram os estudantes ao trancar a porta das salas de aula e travar as maçanetas com cadeiras. Os alunos saíram apenas após o fim dos disparos.

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