Brasil

Atirador tinha problemas com sexualidade e o próprio corpo, diz psicólogo

postado em 07/04/2011 20:46
Cedê Silva
Estado de Minas


A carta deixada pelo atirador suicida Wellington Menezes revela uma pessoa com sérias dificuldades com a sexualidade e o próprio corpo, e que rejeitava a sexualidade dos outros. A análise é do psicólogo Jairo Stacanelli, especialista em psicologia da educação.

Wellington escreveu que "nenhum fornicador ou adúltero poderá ter contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue". Para Stacanelli, a "sexualidade do casto" do atirador indica que ele provavelmente era homossexual. "Ele via seu corpo como algo inviolável", diz o especialista.

A carta continha instruções para que o corpo fosse banhado, secado e envolto em um lençol branco. A obsessão com limpeza e pureza, segundo o psicólogo, manifesta-se em muitos pacientes bipolares. Wellington tinha também uma forte relação com a mãe, Dicéa, ao lado de quem queria ser sepultado.

Embora a carta sozinha não permita um diagnóstico preciso, Jairo afirma que Wellington não era psicopata, mas que teve um surto. O segundo parágrafo revela desrespeito à vida humana, embora mostre também preocupação com animais abandonados.

Mundo à parte

O texto da carta mostra que Wellington lia muito. O 2; parágrafo começa com a frase "[E]u deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa", frase que muitos brasileiros escreveriam errado - usando "que" em vez de "da qual". Para Stacanelli, Wellington vivia num mundo à parte. Testemunhos dão conta que ele não tinha muitos amigos e passava muito tempo lendo.

Recomendações


O psicólogo recomenda atenção aos pais e responsáveis por crianças em relação a episódios de abuso e violência psicológica. "Todos tivemos na infância um episódio de vergonha ou solidão", afirma. "É importante que os pais e responsáveis possam sentar com a criança e manter um canal aberto para elas expressarem suas preocupações".

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