postado em 08/04/2011 10:33
A tragédia no Rio de Janeiro repercute em todo o país, preocupando pais, alunos e entidades educacionais. Em Minas, quinta-feira mesmo o presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas, Mário de Assis, solicitou uma audiência na Assembleia Legislativa para debater a implantação de detectores de metal na entrada das escolas da rede estadual. Segundo ele, o que ocorreu na capital fluminense comprova que ninguém está imune à violência. ;Ultrapassamos a fronteira do limite. Esse atirador matou no Rio, mas poderia ter sido em Belo Horizonte. Está mais do que na hora de a população, governo, igrejas e imprensa debaterem este problema;, frisou. Para Assis, alguns setores da sociedade não veem com bons olhos a revista e a instalação de detectores nas portas de escolas, no entanto, mais do que nunca, é necessário quebrar tabus.
;Tem revista e detector em todo lugar. Banco, aeroporto, alguns locais de trabalho. Não podemos lutar contra isso. Esses meninos que morreram inocentemente estavam na hora errada e no lugar errado? Não! Estavam em uma escola, estudando, e chega alguém com duas armas e sai atirando. Temos que fazer algo urgente;, cobrou.
O Estado de Minas conversou com alguns pais e profissionais de ensino da rede pública e particular sobre o massacre no Rio de Janeiro. Indignação, susto, preocupação, medo e até surpresa foram as reações. A empresária Silvana Kalil, de 45 anos, nunca imaginou que esse tipo de tragédia pudesse ser registrada no Brasil, pois é mais comum nos Estados Unidos. A filha, Eduarda, de 6, está estreando em um colégio, já que sempre estudou em escolinhas, e isso despertou mais atenção na mãe. ;Fico com certo receio agora, com todos esses acontecimentos, ainda mais em uma escola com um número maior de alunos, mais movimentação de pessoas;, diz.
A publicitária Letícia Correia, de 40, confessa ter ficado apavorada com a notícia e credita esse tipo de comportamento do atirador ao ;lema; da nova geração de que ;tudo pode;. ;A falta de limite que vemos hoje é muito clara. Isso preocupa. Estou muito assustada;, expôs.
A diretora e professora de uma escola estadual, Marilda Gobira, diz que a violência é algo inerente à sociedade e faz parte da vida das escolas também, especialmente nas periferias. ;Estou cansada de ouvir colegas comentando casos de alunos que entram armados e tal. Sou a favor de colocar detector de metais na entrada de alguns colégios, mas tem que saber até que ponto isso não fere o direito do outro;, salienta.
Fato isolado
Já o analista de sistemas Mário Jorge Torres, de 47, que é carioca, revelou que, por ter morado muitos anos em sua cidade natal, está acostumado com a violência, mas não deixa de se mostrar chocado com o sangrento episódio. ;Vejo como um fato isolado, mas é claro que causa comoção, indignação. Porém, não estou mais ou menos preocupado com a segurança do meu filho na escola por causa disso;, declarou. Outro pai, Cleudson de Almeida, 45, também não vê ligação da chacina no Rio com a escola. ;Foi uma fatalidade, que poderia ter ocorrido em qualquer lugar. Acho errado ficarem alardeando o fato, porque pode até estimular outras pessoas a cometerem a mesma coisa;, argumentou.