Agência France-Presse
postado em 09/04/2011 15:45
O funeral da última das 12 vítimas fatais do assassino que abriu fogo contra estudantes de uma escola no Rio de Janeiro aconteceu neste sábado, enquanto os brasileiros são informados sobre os detalhes macabros do ataque que comoveu e revoltou o país.O corpo de Ana Carolina da Silva, de 13 anos, foi cremado neste sábado em meio a grande comoção. As outras 11 crianças foram enterradas na sexta-feira em dois cemitérios do Rio.
Segundo informações divulgadas neste sábado pela polícia, Wellington Menezes de Oliveira, que usava um cinturão cheio de munições, recarregou nove vezes seu revólver calibre 38 antes de ser alcançado por um disparo do policial militar Marcio Alves, o primeiro a chegar ao local.
O assassino também possuía um revólver calibre 32.
Ao todo, 66 disparos foram efetuados pelo atirador, ex-aluno do colégio Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio. Na quinta-feira, ele invadiu a escola e matou 12 alunos, antes de cometer suicídio com um tiro na cabeça.
Segundo o delegado Felipe Ettore, 62 balas saíram do revólver calibre 38, enquanto a outra arma só foi usada no começo do ataque.
Além dos 12 mortos, 11 crianças ficaram feridas, e 10 permanecem internadas em diversos hospitais da cidade.
Ettore reiterou que o atirador entrou em duas salas de aula do segundo andar da escola, onde investiu contra os alunos. Além disso, afirmou que ele provavelmente não recebeu nenhum treinamento prévio para manipular armas de fogo.
"O revólver 38 é uma arma fácil de usar e não requer nenhum treinamento especial", explicou.
Dois vídeos - um do circuito interno de TV do colégio e outro feito por uma testemunha, disponibilizado no YouTube - mostram cenas de pânico: crianças tentando escapar de seu agressor, correndo desesperadas pelos corredores da escola em direção à saída. Algumas estão feridas, com as roupas ensanguentadas.
Na sexta-feira, dois homens suspeitos de terem vendido as armas para Wellington foram detidos pela polícia, que também solicitou a quebra do sigilo telefônico do assassino.
O desafio maior dos peritos é tentar recuperar os dados do computador de Wellington, encontrado parcialmente queimado em sua casa.
Uma irmã adotiva do atirador - que também era adotado - disse ao jornal Estado de São Paulo que ele era esquizofrênico e tomava medicamentos para tratar a doença desde os sete anos de idade. Entretanto, disse, ele parou de tomar os remédios quando fez 14 anos.
"Ele foi se tornando cada vez mais estranho", indicou, destacando que "a mãe biológica de Wellington tinha problemas mentais".
Seu estado mental piorou ainda mais, segundo amigos e parentes, por causa da morte do pai, há 5 anos, e da mãe adotiva, no ano passado.
O corpo de Wellington permanece no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro e pode ser enterrado como indigente, já que sua família não apareceu para reclamá-lo, explicaram as autoridades.