Brasil

Protesto marca 90 dias da tragédia das chuvas na região serrana do Rio

postado em 12/04/2011 08:17
Os 90 dias da tragédia das chuvas na região serrana fluminense serão marcados hoje (12) em Teresópolis - uma das cidades mais atingidas ;, por uma manifestação popular cobrando transparência nos gastos públicos e o fim do descaso com os desabrigados. São esperadas 10 mil pessoas no protesto, previsto para as 17h, no centro da cidade.

A 90 quilômetros do Rio, Teresópolis ainda sofre os efeitos do transbordamento de rios e deslizamentos de encostas que deixaram 389 vítimas e mais de 5 mil desabrigados, dos quais 236 estão em abrigos até hoje. Desse total, cerca de 2,5 mil recebem o aluguel social de R$ 500. A procura pelo benefício é grande e não há recursos para atender a todos.

Segundo o presidente da Associação das Vítimas de 12 de Janeiro, Joel Alves Caldeira, um dos organizadores da manifestação, desde o desastre a cidade está abandonada. As obras não são suficientes para recuperar os estragos e as pessoas estão brigando para conseguir o aluguel social. Segundo ele, o dinheiro transferido para o município não chega a quem precisa.

;Queremos mais transparência. A gente não está vendo resultado do montante de dinheiro que veio para Teresópolis;, afirmou Joel Alves, que já encaminhou denúncia aos ministérios públicos Estadual e Federal solicitando apuração nos contratos e projetos da prefeitura.

A presidente da organização não governamental Nossa Teresópolis, Rita Telles, que também participará do protesto, denuncia a situação na cidade, onde há muito entulho, vias obstruidas e casas condenadas à demolição. A presidente também cobra agilidade no restabelecimento de serviços públicos e critica a falta de ação da prefeitura para ajudar na gestão de galpões com mantimentos.

;As ações não são suficientes. Não há uma política organizada. A prefeitura disse que não ia ligar os serviços para as pessoas não voltarem para suas casas, mas sem ter para onde ir, elas estão voltando sem nenhuma condição;, afirmou Rita Telles.

Os moradores de abrigos também pretendem comparecer à manifestação. Eles reclamam das condições da alimentação, da falta de segurança e de organização. Famílias querem trabalho para completar o aluguel social e culpam as constantes trocas na Secretaria de Assistência Social pelo descaso ; em menos de dois meses, dois gestores ocuparam a pasta.

;A prefeitura poderia contratar os desabrigados para fazer o serviço aqui, como a segurança, a comida e a limpeza;, disse a desempregada Simone Xavier, de 32 anos, do Abrigo Renascer.

Durante a manifestação, a população deve pressionar pela abertura de mais uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar os gastos da prefeitura. Em março, a Câmara de Vereadores de Teresópolis abriu uma CPI com essa função, mas os movimentos sociais não confiam no trabalho da comissão, que seria comandada por partidos ligados ao prefeito.

A prefeitura de Teresópolis alega que o dano provocado pelas chuvas foi muito grande e que definiu 90 ações prioritárias, como a desobstrução de ruas e avenidas, executadas em parceria com o governo estadual. Por meio da asessoria de imprensa, também nega qualquer crise política e avalia que os protestos na cidade têm ;cunho político-partidário, organizados pela oposição ao prefeito;.

A manifestação de hoje será na Praça Olímpica, no centro. De lá, os manifestantes caminham até a Câmara de Vereadores, onde está previsto um ato ecumênico em memória das vítimas. O protesto tem o apoio de 42 entidades, entre associações de moradores, comerciantes e sindicatos.

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