postado em 14/04/2011 17:56
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou, nos últimos dias, campanha para pedir reforma agrária. O movimento fez cerca de 70 ocupações em mais de 20 estados e mantém acampamentos em dez capitais para marcar a passagem do Abril Vermelho, período tradicional de mobilização do MST.A orientação é que as manifestações evitem conflitos. ;Há um estilo nessas mobilizações que não é de provocar ou criar conflitos que possam gerar qualquer tipo de violência;, disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento, à Agência Brasil. Segundo ele, ;há um cuidado maior nas ações do MST; e as lideranças têm em vista que ;os meios de comunicação a cada momento só tentam achar a parte ruim das mobilizações;.
A decisão de evitar conflitos não representa mudança de estratégia do movimento. ;O MST continuará ocupando latifúndio produtivo que não estiver cumprindo a função social, conforme previsto na Constituição;, disse João Paulo, na abertura do seminário Eldorado dos Carajás: 15 Anos de Impunidade, promovido hoje na Câmara dos Deputados.
Quanto ao governo a tática é ser propositivo. ;Não é possível transformar a sociedade brasileira com essa estrutura agrária. Para combater a pobreza [objetivo principal anunciado pelo governo Dilma], tem que fazer reforma agrária;, avaliou João Paulo.
Durante a semana, o MST percorreu diversos ministérios para levar às suas demandas. Este ano, o movimento aponta falhas nos assentamentos de trabalhadores rurais (infraestrutura, acesso à escola, crédito) e tenta garantir Orçamento para a reforma agrária em meio ao contingenciamento de mais de R$ 50 bilhões anunciado em fevereiro.
Além disso, o MST pede que o governo não apóie a mudança no Código Florestal, como descrito na proposta do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) em discussão na Câmara. ;Queremos discutir o projeto de lei;, disse João Paulo.
O governo responderá às demandas do MST e de outros movimentos sociais no dia 2 de maio. A Secretaria-Geral da Presidência da República fez, na segunda-feira (11), reunião com os secretários executivos dos ministérios para encaminhar demandas recebidas. Cada pasta recebeu um CD com a lista de reivindicações que deverão ser respondidas conforme orientação da secretaria. ;O governo está tratando os movimentos sociais com muita seriedade;, frisou André Lázaro, secretário-executivo da Secretaria de Direitos Humanos.
;Nós entendemos que são legítimas as reivindicações dos movimentos sociais e entendemos que é legítima a luta pela terra, mas isso tem que se dar nos marcos da legalidade;, apontou o secretário ao comentar que os governos são ;datados;, têm prazo para terminar, e os movimentos sociais ;têm uma dimensão utópica;. Para Lázaro, ;essa tensão é construtiva;.