O abastecimento de água em Brasília dependerá de um lago que sofre um avançado processo de assoreamento, com expressiva diminuição de tamanho das extremidades. O Lago Paranoá será a nova fonte de abastecimento da cidade, como planeja o Governo do Distrito Federal (GDF), uma alternativa às barragens de Santa Maria e do Torto e à área de proteção ambiental (APA) do Rio Descoberto, atuais fornecedores. O lago e os córregos tributários que o mantêm vivo passam por um intenso processo de degradação. A disputa por água também é uma realidade às margens desses córregos.
A do Córrego Bananal, um dos principais fornecedores de água ao Lago Paranoá, é entrecortada por chácaras. Somente nesse núcleo rural, há 20 propriedades. Algumas pessoas vivem ali desde a década de 1980, praticamente ao lado do córrego, cuja mata ciliar foi retirada em sua quase totalidade. Há trechos do córrego muito rasos, uma mostra do assoreamento no curso d;água. Numerosos bancos de areia compõem a paisagem. Os proprietários de chácaras mais sofisticadas empurraram ocupantes mais pobres para barracos instalados à margem do córrego. Todos estão em situação irregular.
Bancos de areia
No Lago Sul, em Brasília, trechos do Paranoá praticamente desapareceram. Durante a seca, restam apenas bancos de areia. A causa desse assoreamento tão intenso, além da expansão imobiliária, está localizada num dos córregos mais importantes para o Paranoá: o Riacho Fundo. ;Quando não chove, isso aqui é só areia e terra. O riacho vira um filete d;água;, conta o funcionário da Novacap Luciano Ferreira da Silva, 38 anos. Ele trabalha à margem do riacho, numa estação que capta água do córrego e a bombeia para um canteiro na entrada do aeroporto internacional de Brasília.
O Riacho Fundo carrega areia, lixo e entulho para o Paranoá. Em alguns pontos, fica bastante estreito, mesmo em período chuvoso. Margens assoreadas são notadas nos pontos mais urbanos do córrego. ;Da água que as bombas captam aqui, é preciso retirar toda a terra e areia que chegam junto. No período seco, é possível caminhar por ele todinho sem afundar;, diz Luciano.