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Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá têm novo julgamento marcado

postado em 01/05/2011 06:13
São Paulo ; Depois de três anos encarcerado em regime fechado de prisão, o casal Alexandre Nardoni, 33 anos, e Ana Carolina Jatobá, 29, mantém a esperança de ter a pena anulada na próxima terça-feira. Os dois são acusados de asfixiar e jogar pela janela Isabella Nardoni na noite de 29 de março de 2008. Depois de amanhã, três desembargadores vão se reunir na 4; Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo para julgar o requerimento que pode resultar na anulação da pena de 31 anos imposta para ele e de 29, para ela. Os desembargadores podem ainda decidir por uma redução da pena ou mesmo deixar tudo do jeito que está.

Alexandre era pai de Isabella e Ana Carolina, madrasta. Segundo os advogados de defesa, os dois presidiários merecem um novo júri popular porque o primeiro teria uma série de erros técnicos. Um deles, apontado com o principal, refere-se à participação da mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, no julgamento. Como ela constituiu advogada, passou a ser parte interessada no processo e, por isso, estaria impedida de atuar no processo como testemunha. Apesar de não constar da argumentação oficial, os advogados do casal argumentam que o depoimento emocionado da mãe e a sua presença na plateia foram decisivos para a condenação de Alexandre e Jatobá, uma vez que inexistem provas irrefutáveis contra os dois.

Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni estão presos em Tremembé e trabalham nos presídios para reduzir a penaSegundo o advogado Marcelo Raffaini, que defende os interesses dos Nardonis, os réus merecem ainda um novo júri porque os direitos de defesa, no primeiro julgamento, foram cerceados. ;Até hoje não tivemos acesso a documentos e laudos de perícias feitas pelo Instituto Médico Legal (IML);, reclama Raffaini. Quanto à participação da mãe de Isabella no primeiro julgamento, o advogado argumenta que uma pessoa não pode exercer funções tão antagônicas no processo, como parte interessada e testemunha.

O julgamento do recurso não terá a presença do emblemático promotor Francisco Cembranelli, que atraiu para si os holofotes do caso desde a abertura do inquérito ao julgamento que selou a condenação do casal. Desta vez, ele será substituído pela procuradora Sandra Jardim, que atua na segunda instância e tem postura mais discreta. A mãe de Isabella será representada pela advogada Cristina Christo Leite, a mesma que atuou no Tribunal do Júri. ;Não acreditamos na anulação do primeiro julgamento nem mesmo na redução da pena por causa da falta de elementos (;) Mas essas hipóteses não estão descartadas;, pondera a advogada. Cristina Christo disse ainda que não vai se manifestar na terça-feira. Só vai assistir ao trabalho dos desembargadores.

Vida no presídio
Alexandre e Ana Carolina estão em penitenciárias no município de Tremembé, a 140km de São Paulo. Ambos estão adaptados à rotina no presídio e trabalham para reduzir a pena. Ele atua na lavanderia, enquanto a madrasta de Isabella conseguiu colocação na cozinha. Na cadeia, Ana Carolina virou evangélica e faz pregações nos momentos em que está em grupo. Ela tem recebido visitas esporádicas do pai, Alexandre Jatobá. Já o pai de Isabella recebe visitas de familiares e advogados com mais frequência.

Na última, Antônio Nardoni, pai de Alexandre, levou roupas e livros. Alexandre e Ana Carolina recebem visitas mensais dos dois filhos pequenos, que já foram desligados de duas escolas por causa do estigma do sobrenome. A prisão do casal causou um racha na harmonia familiar que não foi solucionado até hoje. Motivo: sem dinheiro, a família Jatobá não vem ajudando a pagar as despesas com os advogados. Uma conta feita por alto e que foi motivo de discussão familiar aponta que os parentes da madrasta devem R$ 150 mil de honorários.


"Até hoje, não tivemos acesso a documentos e laudos de perícias feitas pelo Instituto Médico Legal;
Marcelo Raffaini, advogado do casal

"Não acreditamos na anulação do primeiro julgamento nem mesmo na redução da pena por causa da falta de elementos (;) Mas essas hipóteses não estão descartadas;
Cristina Christo Leite, advogada de Ana Carolina Oliveira

Fruto de um assalto
Em um dos documentos entregues à Justiça, os advogados dos Nardoni pedem um novo julgamento alegando que o casal é inocente. Os defensores ainda batem na tecla de que Isabella teria sido morta por um assaltante que havia entrado escondido no apartamento ou até mesmo que a queda seria decorrente de um acidente doméstico.

Caso virou referência

A primeira notícia foi de que uma criança de 5 anos havia caído da janela do 6; andar de um prédio de classe média em São Paulo, na noite do domingo, 29 de março de 2008. No dia seguinte, falava-se que um ladrão invadira o apartamento dos Nardoni para roubar e, ao se deparar com a criança, teria a arremessado. A versão não se sustentou por um dia e, na sequência, o Brasil passou a acompanhar uma história que envolvia trama policial, ciúmes e morte.

Alexandre foi casado com Ana Carolina Oliveira e os dois tiveram Isabella. Assim que a criança nasceu, na versão da acusação, Alexandre se separou para se casar com Ana Carolina Jatobá. Num ataque de raiva e ciúmes da ex-mulher de Alexandre, Ana Carolina teria asfixiado Isabella e o pai se encarregou de jogá-la pela janela para simular a queda. Os advogados alegam inocência, mas o Tribunal do Júri não se convenceu, condenou o pai a 31 anos de prisão e a madrasta a 29.

O casal foi condenado, em março do ano passado, por homicídio triplamente qualificado e por fraude processual ; pois eles teriam alterado a cena do crime. Alexandre e Ana Carolina saíram do fórum direto para o presídio.

O pronunciamento da sentença foi veiculado ao vivo por todas as emissoras de rádio e televisão que operam no Brasil, com repercussão internacional. Hoje, o caso é considerado referência na história da Justiça brasileira porque não se tem, até o momento, uma prova irrefutável de que o casal, de fato, matou Isabella. Apenas evidências e um trabalho de perícia feio pelo Polícia Científica de São Paulo, apontado como referência no mundo todo.

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