Brasil

Chuvas que castigam Pernambuco superam recorde histórico registrado em 1975

postado em 09/05/2011 08:00
; Glynner Brandão
; Juliana Colares

Rua da capital pernambucana parcialmente alagada ontem. A situação se repetiu ao longo da semana passada

Recife ;
As fortes chuvas que atingem Pernambuco já superam a média histórica de 1975, quando foi registrado o maior volume de água em um mês de maio. De acordo com o governo estadual, 55 cidades já foram atingidas, totalizando 10.193 pessoas desalojadas e 4.935 famílias desabrigadas. Até ontem, oficialmente, duas pessoas tinham morrido vítimas de deslizamentos de barreiras nos municípios de Camaragibe e Jaqueira. Nessas duas cidades, há 227 abrigos instalados.

O número de mortes em Pernambuco, porém, é maior do que o informado pelo governo. De acordo com as defesas civis das cidades de Timbaúba, Palmares, Belém de Maria e Nazaré da Mata, outros seis óbitos ocorreram nos últimos dias. A explicação do governo para a disparidade é de que é preciso analisar a ocorrência de cada morte antes de contabilizá-la, uma vez que o objetivo do estado é incluir apenas os casos diretamente relacionados às chuvas.

Em entrevista na manhã de ontem, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), informou que nove municípios decretaram estado de calamidade pública, enquanto outros 26 estão em situação de emergência. Embora não esteja entre as cidades mais afetadas, Recife ; cuja média histórica de maio é de 48,4 milímetros de chuva ; acumulou, entre o dia 1; e a última quarta-feira, 242mm de precipitação.

Já em Palmares, no interior do estado, a média, que era de 20,6mm, chegou a 297,6mm nos últimos quatro dias. O grande volume de água também superou a média histórica em municípios como Barreiros, Água Preta, Primavera, Rio Formoso e Vitória de Santo Antão.

Rio Capibaribe

Para agravar os problemas, o nível do Rio Capibaribe, que corta a capital pernambucana, continuará alto nos próximos dias. A razão é a tentativa de esvaziamento da barragem de Carpina, que tem capacidade para conter 270 milhões de metros cúbicos de água e chegou a 220 milhões de m;, mesmo após a abertura das duas comportas.

Às 10h de ontem, durante a coletiva de imprensa convocada pelo governador, no Palácio Campo das Princesas, Carpina estava com 198 milhões de m;. A meta era reduzir o número a 180 milhões de metros cúbicos até o fim de domingo. Caso a meta fosse atingida, seria possível suportar uma chuva tão forte quanto à do último dia 3, segundo o secretário de Recursos Hídricos, João Bosco Almeida. A abertura das comportas, entretanto, favorece a ocorrência de alagamentos no Recife. O secretário ressaltou ainda que a quantidade de água que caiu na terça e na quarta-feira da semana passada foi maior do que a registrada em 1975, ocasião da grande enchente que atingiu o estado.

O governador Eduardo Campos anunciou ontem que os editais para a construção das duas primeiras novas barragens de contenção das chuvas no estado serão abertos no próximo dia 15. Segundo ele, a expectativa é de que os reservatórios de Panelas 2, localizado em Cupira, e de Gatos, que será construído em Lagoa dos Gatos, fiquem prontos até o início do inverno do próximo ano. Segundo o governador, as barragens, com custo estimado em R$ 65 milhões, irão proteger as cidades de Palmares e de Catende. Outras três barragens também serão erguidas até 2013, totalizando investimento de R$ 480 milhões.

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