Cedê Silva
postado em 12/05/2011 17:13
Os negros morrem mais cedo que os brancos e são vítimas mais frequentes de homicídio. Já a causa externa que mais mata brancos no Brasil é o acidente de trânsito. As conclusões estão no estudo "Dinâmica Demográfica da População Negra Brasileira", divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).[SAIBAMAIS]Há uma mortalidade elevada entre negros de 15 a 29 anos, explicada em boa parte por causa da violência. Considerando-se apenas a população masculina, os homicídios são responsáveis por 24,3% das mortes de negros e 14,1% das de homens brancos. Esse crime responde por 50% das mortes de negros por causas externas; para os brancos, a taxa é de um terço. Já os acidentes de transporte são 35% das causas externas de mortes de brancos, e um quarto para os negros.
As diferenças de mortalidade contribuem para perfis diferentes da população idosa. Em 2009, a proporção de negros com 60 anos ou mais no total da sua população era de 9,7%, e a de brancos, de 13,1%.
A principal causa de morte para toda a população brasileira, contudo, independente do sexo ou raça, está nas doenças do aparelho circulatório.
Raça e gênero
Os negros são em média mais jovens, mais pobres, têm mais filhos e estão mais expostos à mortalidade por causas externas, especialmente homicídios. Dentro de casa, a relação entre homem e mulher é mais desigual que entre brancos.
A distribuição dos afazeres domésticos continua desvantajosa paras as mulheres. A proporção de mulheres negras ocupadas que se dedicavam a afazeres domésticos em 2009 foi de 91% e a de homens, 48,5%. Entre a população branca, as proporções comparáveis foram de 88,1% e 50,6%, respectivamente. Segundo a pesquisa, "as mulheres negras ocupadas despendiam, em média, 22 horas semanais" trabalhando em casa, e os homens, 9,8. Já as mulheres brancas "passavam 20,3 horas e os homens, 9,1, o que sugere uma relação de gênero mais desigual entre as negras".O Censo de 2010 foi o primeiro em que os brasileiros que se declararam negros (pretos e pardos) superaram os brancos: 97 milhões a 91.