Agência France-Presse
postado em 13/06/2011 15:32
Dois anos depois de uma catástrofe que deixou 228 mortos de 32 nacionalidades, 104 "corpos devem chegar à França, no porto de Bayonne (sudoeste), no dia 16 de junho a bordo do navio L;Ile-de-Sein", indicou nesta segunda-feira (13/6) à AFP uma fonte ligada à investigação.O barco fretado pelo Escritório de Investigação e Análises (BEA) concluiu no dia 3 de junho as operações de resgate de corpos e partes do Airbus A330 a 3.900 m de profundidade no Oceano Atlântico. O BEA havia anunciado no dia 7 de junho que o barco chegaria ao porto de Bayonne "na próxima semana, de onde as peças do avião serão transportadas para Toulouse (sudoeste), para um hangar da Direção Geral de Armamento (DGA); e os corpos serão levados ao Instituto Médico Legal".
O BEA é o organismo encarregado da investigação técnica do acidente com o voo AF447 ocorrido no dia 1; de junho de 2009. Segundo a Polícia Militar francesa (Gendarmeria), que realiza o resgate, 104 corpos foram "retirados" entre o final de abril e o início de junho. Com os 50 primeiros corpos resgatados logo depois do acidente, o número total de corpos chegou a 154. Por outro lado, os outros corpos permanecem entre os restos do avião.
Os corpos levados para a França serão identificados depois de um processo científico e jurídico rígido e longo, de várias semanas de duração, podendo levar até meses, explicou à AFP o coronel François Daoust, chefe do Instituto de Investigação Criminal da Polícia Militar Nacional (IRCGN).
Segundo ele, "operações médico-legais serão realizadas sob a supervisão dos dois magistrados" de instrução parisienses Sylvie Zimmermann e Yann Daurelle, encarregados da investigação na qual Air France e Airbus são acusadas de homicídio culposo.
Como em outras catástrofes (queda do Concorde em 2000, tsunami na Ásia em 2004, terremoto no Haiti em 2010), a identificação das vítimas depende da comparação dos registros "ante mortem" e "post mortem" que serão elaborados por médicos forenses. Um corpo poderá ser identificado apenas após a "aproximação" desses dois registros, advertiu o coronel Daoust.
O registro "ante mortem" é composto por elementos fornecidos pela família e pelos médicos da pessoa morta: DNA de parentes, joias, cirurgias. O registro "post mortem" é elaborado em "exames médico-legais, odontológicos e nos ossos longos para a retirada de amostras de DNA", indicou o chefe do IRCGN.
Depois, "todos os dados ante e post mortem serão examinados por um computador que estabelecerá possíveis correspondências entre elas" até que uma comissão de identificação "decida eventualmente" atribuir uma identidade para cada corpo.
Daoust lembra que "a identificação dos 50 primeiros corpos (resgatados) há dois anos levou dois meses".
Já "indignados" no final de maio pelo " desenrolar caótico da investigação técnica" do BEA, as famílias estão divididas frente à decisão da justiça de recuperar seus parentes com o objetivo de identificá-los.
"A operação gerou polêmica, alguns querem e outros não. Havíamos pedido ao juiz que indicasse em quais condições de dignidade o resgate dos corpos será organizado", explica Robert Soulas, vice-presidente da Associação Ajuda Mútua e Solidariedade AF447.
A mãe e a irmã de um passageiro citadas nesta segunda pelo jornal Le Parisien explicam também que, segundo elas, "é preciso deixar tudo, como fazem os marinheiros".
Os investigadores da BEA trabalham atualmente com os dados contidos nas caixas-pretas resgatadas no início de maio.
Graças às caixas-pretas resgatadas no início de maio, o BEA conseguiu estabelecer que a queda do avião durou 3 minutos, sem poder determinar ainda as causas da catástrofe.
Um relatório deverá ser apresentado no final de julho.