Landercy Hemerson
postado em 08/07/2011 09:18
Em apenas uma hora e meia, a estudante Isabela Dias, de 18 anos, viu o sonho da mãe se transformar em pesadelo para a família. Às 5h desta quinta-feira, ela foi acordada pela mãe, a servidora municipal Kátia Maciel Dias de Oliveira, de 38, que, ao telefone, disse que se recuperava bem de uma cirurgia plástica no abdômen e nos seios e que iria tomar café da manhã em casa. Às 6h30, Isabela se vê barrada do lado de fora da Clínica de Cirurgia Plástica Dr. Joshemar Heringer, na Rua Arturo Toscanini, no Bairro Santo Antônio, Centro-Sul da capital, até receber a notícia de que Kátia havia morrido. Familiares, inconformados, cobram apuração policial sobre as circunstâncias da morte e as condições de funcionamento da unidade cirúrgica que, segundo a Vigilância Sanitária do município, não tem alvará sanitário.À noite, no velório de Kátia Maciel, na casa de seus pais, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o empresário Fernando Emiliano Dias, de 28, irmão dela, questionava a falta de estrutura do estabelecimento: ;Como pode uma paciente que estava bem, passa mal e tem que se chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel Urgência) para socorrê-la?; Segundo Fernando, duas ambulâncias do Samu foram à unidade cirúrgica até a chegada de um dos médicos responsáveis pelo local.
Dias disse que, depois de entrar à força na clínica, ficou espantado com o que aponta como problemas estruturais. ;Ela pagou R$ 8,4 mil pela cirurgia e tomou a iniciativa. Se tivesse visto o local antes, jamais deixaria que ela seguisse com seus planos;. De acordo com Fernando, ao tocar o corpo de sua irmã, percebeu que havia um profundo corte na cabeça dela, além das cicatrizes das intervenções cirúrgicas nos seios, abdômen e costas. Os médicos lhe disseram que ela sofreu uma parada cardíaca e caiu no banheiro, o que levou o empresário a registrar um boletim de ocorrência policial. Fernando contou ainda que depois da cirurgia, realizada na manhã da quarta-feira, sua irmã ligou duas vezes à noite, para os pais e as filhas. Além de Isabela, Kátia, que era divorciada, deixou Ana Paula, de 11.
O advogado da clínica, José Veríssimo da Silva Santos, considerou a morte de Kátia Maciel ;uma fatalidade;. Ele destacou que a paciente não morreu durante o procedimento cirúrgico, mas devido a uma suposta parada cardíaca. O advogado garantiu que os responsáveis pelo estabelecimento estão dando todo apoio à família, mas dependem do laudo das causas da morte para terem informações seguras e por isso não vão comentar as denúncias. José Veríssimo afirmou que a clínica estava em condições de funcionamento, atendendo aos requisitos legais e que o cirurgião Joshemar Heringer é um profissional experiente, com mais de 3 mil procedimentos do gênero.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) informou que uma sindicância será aberta para investigar as denúncias que se tornaram públicas. Porém, espera que a família da paciente procure o órgão para formalizar uma queixa e dar maiores detalhes sobre os fatos. Com relação ao funcionamento da clínica, o CRM-MG disse que o estabelecimento estava devidamente licenciado na entidade. O corpo de Kátia Maciel foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para o exame de necrospsia, cujo o laudo deve ficar pronto em 30 dias.