Brasil

Indígenas bolivianos querem diálogo com Morales sobre estrada em reserva

Agência France-Presse
postado em 19/08/2011 17:08
LA PAZ - Indígenas da Amazônia boliviana, que iniciaram na segunda-feira (15/8) uma marcha de 600 km até La Paz contra uma estrada financiada pelo Brasil que cruzará uma reserva ecológica, insistiram nesta sexta-feira (19) que dialogarão apenas com o presidente Evo Morales e rejeitaram ministros como interlocutores.

O mandatário enviou uma comissão de seu gabinete, liderada por seu braço direito, Carlos Romero, ministro da Presidência, ao povoado amazônico de San Ignacio de Moxos, mais de 500 km a nordeste de La Paz, para dialogar com os nativos que chegaram a este povoado, mas os manifestantes se negaram a falar com a autoridade. "Não, não vamos dialogar, porque isso foi determinado ontem (quinta-feira). Ficou estabelecido que se o presidente não vier, não vamos participar do diálogo" com os ministros, afirmou o líder indígena Adolfo Chávez, entrevistado pelo canal de televisão Unitel.

Os manifestantes, disse Chávez, descansarão em San Ignacio de Moxos e reiniciarão nas próximas horas a caminhada que deve ser concluída em La Paz, daqui a 35 dias, cobrindo um trajeto de 600 km. San Ignacio de Moxos é justamente onde termina a estrada asfaltada de 300 km que o governo pretende construir a partir da cidade cocaleira de Villa Tunari (centro), reduto político do presidente Morales.

Os indígenas exigem, principalmente, que a estrada não seja construída ou que seja feito um traçado diferente, sem afetar o Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure, no centro do país, uma região rica em flora e fauna e onde vivem diversas tribos indígenas vivem há muitos anos. Em suas demandas, já recorreram à OEA e ao governo brasileiro, que financiará a estrada que tem um custo total de 415 milhões de dólares.

Os indígenas argumentam que a obra viária prejudicará o ecossistema do parque, que tem uma extensão de 1 milhão de hectares.

A estrada já começou a ser construída, apesar de as obras ainda não terem chegado à reserva ecológica, enquanto o governo defende a obra que, segundo insiste, gerará desenvolvimento na região.

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