postado em 23/08/2011 12:16
Com uma longa pauta de reivindicações, que inclui desde urgência na aprovação de medidas para a reforma agrária até manifestações de protesto contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, os integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) se reúnem em frente ao ministério da Fazenda e aguardam um posicionamento do governo. Os manifestantes calculam que hajam 3 mil pessoas no local. A Polícia Militar discorda, e diz que são entre 1,2 e 2 mil.O movimento nacional tem representação em 17 estados brasileiros, em todas as regiões do país, conforme informou o porta-voz do MST Gilberto Cervinski. "Nós viemos até Brasília para dar uma solução ao problema e só vamos sair daqui com medidas concretas. Nós viemos onde está o dinheiro", acentua Cervinski.
Em oito meses de governo, a presidente Dilma Roussef assinou apenas um decreto de desapropriação, no entanto, segundo o movimento, nenhuma terra foi desapropriada este ano. O porta-voz do movimento também alega que 200 processos que tratavam de temas relacionados à reforma agrária que aguardavam uma resolução na Casa Civil, foram devolvidos ao ministério do Desenvolvimento Agrário, o que faz com que esses processos repitam toda a burocracia que já enfrentaram.
Está previsto para as primeiras horas da manhã de quarta-feira (24/8), um ato que deve reunir 15 mil pessoas - os três mil do movimento mais trabalhadores vinculados a outros movimentos do DF, além da Central Única de Trabalhadores (CUT) -, conforme anunciou Gilberto Cervinski. Ele não adiantou a programação do ato, nem confirmou informações a respeito de eventuais interdições no trânsito, passeatas ou marchas. "Ainda estamos planejando", evadiu-se.
O protesto no ministério conta com o apoio da Polícia Militar para manter a ordem, mas os manifestantes insistem em fazer a própria segurança. Com um colete vermelho, feito de papel TNT e com a palavra "segurança" pintada com tinta preta, e equipados com bastões de pau, os vigilantes bloqueiam a entrada de funcionários nas dependências do ministério. Eles também isolam as reuniões fechadas a membros do MST e controlam os arredores do trio elétrico.
Lista dos pedidos
Além da reforma agrária, MST pede a renegociação de dívidas de 500 mil famílias de pequenos agricultores, avaliada em aproximadamente R$ 30 bilhões. E também pedem para que seja suspenso o corte de investimentos para a reforma agrária este ano, estimado em R$ 65 milhões.
O grupo também é contrário à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Há um movimento paralelo que armou acampamento na cidade de Altamira para protestar contra a desocupação involuntária de terras por camponeses e índios.
Para finalizar, o MST pede ainda a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para a educação, contra os 5% atuais. O Novo Código Florestal é outro ponto de discussão. "Aprovado, esse código vai atrair plantações de cana e mineradoras para a Amazônia. Isso vai desmatar a floresta e acabar com a biodiversidade", sentencia o porta-voz do MST.
Terras indígenas
Representantes dos índios Pataxós da Bahia também marcaram presença na manifestação. Eles pedem a devolução de terras invadidas por agricultores. O território foi demarcado em 1938 e corresponde a 54 mil hectares, destes, 18 mil estão destinados à agricultura sem autorização da tribo.
O líder Pataxó, Cacique Naílton Muniz, tenta pressionar as autoridades para a restituição da área ocupada. "Nós somos 3.150 índios, exigimos nossa terra de volta", enfatiza o cacique.