Brasil

Governo estuda mudar vacinação de pólio após contaminação de criança

Juliana Braga
postado em 03/09/2011 08:00
Brasília e Belo Horizonte ; O Ministério da Saúde (MS) estuda mudanças na vacinação contra a poliomielite para o próximo ano. A proposta seria combinar a atual vacina oral, que tem o vírus atenuado, com a injetável, feita com o vírus inativo. A informação só foi oficializada depois que veio a público um caso suspeito de paralisia pós-vacinal, que teria sido desenvolvida por um menino de 1 ano e 4 meses em Pouso Alegre (MG). Autoridades sanitárias argumentam que a possibilidade de mudança no programa de imunização vem sendo analisada desde a metade do ano e que não tem relação direta com o episódio. A decisão só será tomada em dezembro, quando a pasta divulga o calendário de vacinação para o ano seguinte.

O caso da paralisia pós-vacinal veio à tona esta semana, após o MS receber relatório da Secretaria Municipal de Saúde de Pouso Alegre informando sobre o quadro da criança, que recebeu a terceira dose da vacina em 27 de outubro de 2010. No mesmo ano, o menino apresentou os primeiros sintomas de paralisia, mas o diagnóstico de paralisia pós-vacinal só foi feito em março deste ano por um neuropediatra, que comunicou o fato à secretaria. O caso só chegou ao conhecimento das autoridades federais de saúde no último dia 26, cinco meses depois do diagnóstico.

Uma comissão técnica internacional formada por representantes do ministério e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) vai analisar o ocorrido. O grupo terá a incumbência de definir se a criança adquiriu a doença devido à vacina ou se os problemas de saúde são decorrentes de outro fator. A criação da comissão foi anunciada ontem pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Antes de o assunto ser avaliado pela Opas, especialistas da SES-MG e do ministério vão elaborar um documento que servirá de base para o laudo internacional.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a combinação das vacinas oral e injetável diminuiria os riscos de contágio pelo vírus com a vacina em gotas. ;É um evento raríssimo, mas acontece;, diz. De acordo com o MS, a cada 3 milhões de doses orais, somente uma pode causar a paralisia infantil. No Brasil, onde já foram aplicadas 457 milhões de doses orais da vacina, foram registrados 46 casos de paralisia infantil em 10 anos. No mundo, a média anual é de 500 casos depois da imunização.

Caso seja implementada, a modalidade injetável seria usada nas duas primeiras doses, quando o risco de contrair a doença é maior. No reforço e nas doses aplicadas durante campanhas, a vacina oral continuaria sendo usada, pelas facilidades logísticas que oferece. ;Em um dia de campanha com a vacina oral, são montados 115 mil pontos de imunização. Ela pode ser feita em um centro comunitário, em uma igreja ou em uma praça. A injetável só pode ser dada em posto de saúde e isso reduz pela metade os postos de atendimento;, explica o secretário de Vigilância em Saúde.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação