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MPF deve apurar confusão que deixou 4 feridos no Complexo do Alemão

postado em 05/09/2011 13:49
Rio de Janeiro - O Ministério Público Federal e a Força de Pacificação do Complexo do Alemão vão apurar uma confusão ocorrida na noite deste domingo (4/9), na comunidade Alvorada, nas proximidades da estação de teleférico do Itararé, no Alemão, na zona norte. O incidente terminou com três detidos e pelo menos quatro pessoas feridas por balas de borracha e escoriações.

Segundo os moradores, a confusão na comunidade Alvorada começou depois de uma abordagem a um grupo que fazia um churrasco em um bar, às 18h30. Depois de pedir para que os organizadores baixassem o som, a revista de um deficiente físico revoltou a população, que questionou os militares. Por sua vez, a patrulha deu voz de prisão a duas pessoas, o que agravou a situação.

O chefe do Estado Maior da Força de Pacificação no Complexo do Alemão, Nilson Maciel, disse que quer concluir a averiguação até o final da semana, mesmo sem ter definido qual será a punição para os militares, caso seja comprovado abuso de autoridade da patrulha. "Vamos esperar acabar essa sindicância não tão formal para ter uma resposta [sobre a punição]", declarou.

O MPF começa a investigação ainda hoje e vai à comunidade conversar com moradores e com a Força de Pacificação. O órgão quer saber se houve excesso. Em um caso semelhante, investigado por procuradores, em julho, na Vila Cruzeiro, próximo ao Alemão, militares também usaram spray de pimenta e balas de borracha contra pessoas que estavam em um bar. Uma delas pode ficar cega.

"A população não gostou da abordagem aos dois civis e se voltou contra a tropa", explicou o coronel Maciel. "Cerca de 200 pessoas se juntaram com pedras, paus e todo material que foram encontrando pela frente, contra a patrulha de dez militares. A tropa, não tinha mais o que fazer, ficou acuada e começou a usar gás lacrimogênio e balas de borracha, progressivamente, para se defender."

A jovem Elaine de Souza, de 17 anos, ferida na boca por uma bala de borracha disse que a prisão de moradores disparou "uma revolta só" . "Fui tentar salvar o meu marido e, quando vi, tinha sido atingida", declarou a dona de casa, que foi socorrida pelos vizinhos durante a confusão.

O coronel Nilson Maciel esclareceu que apesar das reclamações, cabe à Força de Pacificação decidir sobre a realização de eventos públicos na comunidade e fiscalizar a Lei do Silêncio ; a partir das 2h da madrugada. "Eles tinham toda a liberdade do mundo e agora colocamos o que é o correto. Então, algumas festas nós tolimos, damos horário e eles não gostam", justificou.

O tumulto na comunidade, que ainda não tem unidade de polícia pacificadora (UPP) ; responsável pelo patrulhamento comunitário ;, foi contido com reforço de militares no local. Cerca de 100 homens do corpo de Fuzileiros Navais socorreram o grupo acuado e já deixaram o complexo.

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