postado em 11/09/2011 16:37
Rio de Janeiro - O coordenador do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Snis), do Ministério das Cidades, Ernani Ciríaco de Miranda, disse que a situação é grave no Brasil em relação às perdas de água tratada, porque os números, ;com raras exceções, são sempre muito altos;.Segundo ele, o país vem trabalhando há alguns anos com um patamar de perda de água entre 37% e 42%. ;Esse fato é bom, porque mostra que [o patamar] está estabilizado. Só que em um patamar muito alto. Esse é o lado ruim da história;, ponderou.
[SAIBAMAIS]Miranda estimou que uma média de perda de água tratada aceitável para o Brasil seria 25%. Explicou que, para isso, o país tem de melhorar o sistema de distribuição à população, o que envolve conserto de vazamentos e solução para o problema da não contabilização de água, seja por roubo, por falta de aparelhos ou por erros de medição.
Transformando o volume de água perdida em valor financeiro, o Snis constatou que o prejuízo atingiu R$ 7 bilhões em 2008. Desse total, 60%, ou o correspondente a R$ 4,2 bilhões, poderiam ser recuperados, ;se fosse melhorada a eficiência;.
A perda de água tratada na distribuição subiu 0,5 ponto percentual no Brasil entre 2008 e 2009, passando de 41,1% para 41,6%. O número tanto pode indicar uma acomodação, como uma tendência, disse Miranda. Para uma análise mais conclusiva, será necessário aguardar os próximos resultados do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto, acrescentou.
Já a perda de faturamento, que compara o volume de água disponibilizado para ser distribuído com o volume que é faturado, mostrou índice de 37,1%, o menor valor da série iniciada em 1995. No ano anterior, a perda do faturamento foi 37,4%. Ela embute vazamento na rede e tudo que é desviado por meio de ligações clandestinas e erros de medição, entre outros fatores.
;A perda no faturamento é menor do que na distribuição porque os critérios de faturamento das operadoras e autarquias no Brasil acabam levando a uma situação onde se fatura mais do que aquilo que é consumido;, explicou o coordenador do Snis.
Como o valor faturado acaba sendo maior que o consumido, a perda no faturamento resulta menor que na distribuição. Miranda observou, porém, que uma parte significativa da perda de água chega ao consumidor, ;porque ele tem uma ligação clandestina, ou submedição de hidrômetro. A água é consumida, mas não é contabilizada. Existem diversos fatores que fazem com que a companhia compute como perda, mas o cidadão usa;.
Alguns especialistas consideram que 40% da água tratada são consumidos no país e 60% são perdidos. O estado do Rio tem, historicamente, nível de perda elevado. A perda de faturamento observada foi 54,1% em 2009, contra 49,6% em 2008. O aumento do índice de perda se deve, segundo Miranda, à piora no desempenho dos sistemas operados pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).