A Polícia Federal vai abrir investigação contra as pessoas que adquiriram carros importados das empresas envolvidas com o esquema de lavagem de dinheiro da máfia fluminense dos caça-níqueis. Entre elas estão vários jogadores de futebol e artistas, como o cantor Belo, que teve um veículo apreendido na sexta-feira, durante a Operação Black Ops, realizada pela PF no Rio de Janeiro e em outros seis estados. Policiais ainda procuram um outro automóvel que pertenceria ao cantor e que não foi apreendido nas primeiras buscas à casa dele. Segundo investigadores que analisam o material recolhido durante as buscas e apreensões, outras pessoas podem estar envolvidas direto ou indiretamente no esquema.
A Operação Black Ops foi resultado de um ano de investigação realizada pela PF com a colaboração da Drug Enforcement Administracion (DEA) ; a agência antinarcóticos americana ;, da polícia da Inglaterra e do serviço de inteligência de Israel. O cabeça do esquema era Yoram El Al, que estava sendo procurado nos três países e é acusado de pertencer a Abergil Family, uma das máfias israelenses. Ele estava no Brasil desde 2006, mas foi depois de um atentado contra o bicheiro Rogério Andrade, em abril do ano passado, que a Polícia Federal começou a monitorar seus passos.
;O método usado contra o bicheiro é semelhante ao que os clãs de Israel usam em seus atentados;, observa um investigador, se referindo a explosão de bombas contra desafetos, como aconteceu com Andrade. Segundo o policial, Yoram é um dos integrantes mais importante da máfia de Israel e no Rio se associou ao outros bicheiros fluminenses ligados aos jogos de azar. O esquema lavava dinheiro dos caça-níqueis com a venda de carros usados importados dos Estados Unidos e eram revendidos no Brasil por preços baixos. Para que a investigação fosse feita de forma sigilosa, a PF levou uma equipe da Diretoria de Inteligência Policial (DIP) de Brasília para trabalhar exclusivamente no caso.
;Todas as pessoas que compraram os veículos serão processadas criminalmente e administrativamente;, diz um delegado que está na investigação. Um deles é o cantor Latino, que teve um carro apreendido na sexta-feira porque estava em nome de uma empresa envolvida no esquema. Outro veículo do artista, que está sendo procurado, é de origem americana e foi comprado do esquema do israelense. Segundo o delegado Valmir Lemos de Oliveira, superintendente da PF no Rio, novos nomes podem aparecer na investigação. ;Estamos consolidando o que foi recolhido nas buscas e identificando outras pessoas envolvidas;, afirma Lemos.
Clientes
Emerson
Sheik, como é conhecido o jogador do Corinthians, que já foi acusado em 2007 por usar nome falso em passaporte, disse estar tranquilo. ;Sou um atleta e não um maloqueiro. Sou um trabalhador;, afirmou.
Diguinho
O atleta do Fluminense comprou o veículo há três meses. Por meio da assessoria de imprensa, disse que seu carro não tem qualquer irregularidade e deve ser devolvido pela Polícia Federal na segunda ou terça feira.
Kleberson
O pentacampeão teve seu Jeep Hummer apreendido em sua residência em Curitiba. Em nota, o jogador disse que comprou o veículo em abril do ano passado, no valor de R$ 200 mil, e que possui nota fiscal em seu nome.
Latino
O cantor teve um carro apreendido e seu advogado, em nota, declarou que ele ;repudia qualquer insinuação sobre seu envolvimento ou participação em negócios de importação e comercialização de veículos;. A Polícia Federal procura outro automóvel do artista.
Belo
O artista também se manifestou, por meio do advogado, negando qualquer envolvimento no esquema. ;Ele adquiriu um veículo, mediante o recebimento de toda a documentação de regularidade dos órgãos nacionais que fiscalizam e efetuam o cadastro de veículos;, alegou.