postado em 15/10/2011 08:00
Revolta e protestos marcaram os enterros das três vítimas da explosão que destruiu o restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, Centro do Rio de Janeiro, na última quinta-feira. As famílias dos mortos estudam entrar na Justiça contra o dono do estabelecimento, Carlos Rogério do Amaral. Internado no dia da tragédia, ele recebeu alta e será ouvido hoje pela polícia, ainda sem indícios da causa do acidente que resultou na morte de três pessoas e feriu outras 17. Quatro ainda estão internadas.O primeiro enterro foi o do bancário Matheus Maia Macedo de Andrade, 19 anos. Sem forças para andar, a mãe da vítima chegou ao Cemitério Jardim da Saudade, na Zona Oeste da cidade, de cadeira de rodas. Revoltado e desolado, o pai da vítima, Carlos Henrique de Andrade, criticou os governantes. ;Todo mundo fala do Rio Antigo, mas o Rio Antigo está caindo aos pedaços. Só se fala em Copa do Mundo. Agora está aí mais uma vítima do descaso das autoridades.;
O sushiman Josimar dos Santos Barros, 22 anos, foi enterrado no Cemitério de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, ao som de gritos de justiça. Parentes e amigos também cantaram a música Valeu a pena, da banda Rappa. Um dos mais revoltados com a tragédia era Tiago Cosme Barros, primo da vítima. Segundo ele, o dono do restaurante Filé Carioca não procurou a família de Josimar depois da explosão. Eles estudam a possibilidade de processar o proprietário do estabelecimento, assim como os parentes de Matheus Andrade.
Responsável por ter avisado os funcionários sobre o vazamento de gás, o chefe de cozinha Severino Antônio Tavares, 45 anos, foi enterrado como herói pelas pessoas que foram ao Cemitério do Murundu, em Realengo, na Zona Oeste. Emocionado, Anderson Santiago Tavares, filho da vítima, disse que o pai era um homem trabalhador e ligado à família, e que Severino já havia relatado problemas semelhantes com o gás do restaurante.
Homicídio
Carlos Rogério do Amaral, dono do Filé Carioca, deve ser responsabilizado pelo acidente e poderá deixar hoje a 5; Delegacia de Polícia, no Centro da cidade, indiciado por homicídio. Segundo o delegado Alcides Alves Pereira, todos os depoimentos de testemunhas foram encerrados, faltando agora os exames periciais que determinarão as razões da tragédia. ;Havia a hipótese de ela ter sido causada por um cigarro, em razão de um funcionário ter comprado uma carteira na banca de jornal. Mas não há a confirmação de que isso existiu e que tenha gerado a explosão;, afirmou Pereira ao Correio.
Das quatro pessoas internadas, três estão em estado grave. Daniele Cristina Nunes Pereira e José Roberto Pereira ; que era auxiliar de cozinha do estabelecimento ; têm traumatismos abdominal e craniano. Igídio da Costa Neto está com várias fraturas pelo corpo. Todos estão internados no Hospital Miguel Couto. Jorge Luis de Souza Lima, gerente do estabelecimento e irmão do proprietário, está no hospital Souza Aguiar e apresenta um quadro mais estável.