Brasil

Importação em Pernambuco de lençóis usados dos EUA vira caso federal

Wagner Oliveira
postado em 22/10/2011 08:00
Brasília e Recife ; A Polícia Federal (PF) assume, a partir de agora, as investigações sobre o caso do lixo hospitalar apreendido em dois contêineres no Porto de Suape, Região Metropolitana do Recife, nos últimos dias 11 e 13. Segundo informações da Secretaria de Defesa Social (SDS), o caso será de competência federal porque, com as importações, foi reconhecido o crime de conexão entre o Brasil e os Estados Unidos. A Polícia Civil de Pernambuco, no entanto, vai trabalhar com a entidade federal.

Acompanhados de agentes do FBI, representantes da PF, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Receita Federal estiveram ontem em Suape e recolheram amostras dos resíduos hospitalares que estão lacrados nos contêineres. O delegado responsável pelo caso, Humberto Freire, disse que eles só vão se pronunciar quando saírem os resultados do material colhido. Em nota divulgada ontem, a SDS afirma que ;sua parte na investigação está próxima de ser concluída;. O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, destacou que aguarda a análise nos tecidos do Instituto de Criminalística (IC) para que o inquérito seja fechado.

Até o momento, os peritos encontraram indicativos de sangue, argila e tinta nas 46,6t de resíduos hospitalares provenientes dos Estados Unidos. O material ainda precisa passar por novos testes. As equipes do instituto vão trabalhar durante todo o fim de semana para finalizar os laudos. ;Já determinei ao gestor do IC que esse laudo dos tecidos apreendidos no Agreste em que estão sendo analisados a presença de sangue ou de outro tipo de material é a nossa prioridade;, destacou Wilson Damázio.

Uma cópia do inquérito realizado pela Polícia Civil foi repassada para os agentes do FBI. A PT também teve acesso aos documentos. Na quinta-feira, o adido do FBI no Brasil, Richard Cavalieros, acompanhou o processo de perícia no Instituto de Criminalística de Pernambuco. Segundo a Secretaria de Defesa Social, ele retornou a Brasília.

Os agentes Alvin Medina e Pedro Moreira permanecem no Recife e, nos próximos dias, poderão conhecer o polo de confecções investigado. A Justiça estadual reconhece que há a conexão das cargas interceptadas em Suape com os lençóis e tecidos apreendidos em três galpões da empresa Na Intimidade ; cujo nome fantasia é Império do Forro do Bolso ; em Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru, no Agreste de Pernambuco. De acordo com o comércio local, as denúncias já afetaram as vendas em cerca de 50%.

Impasse
Nos últimos dias, o caso do lixo hospitalar quase causou um impasse diplomático. A cônsul dos Estados Unidos para o Nordeste, Usha Pitts, declarou que a legislação norte-americana permite a exportação de material usado, incluindo lixo hospitalar. Ela afirmou ainda que a indústria de reciclagem nos EUA é multimilionária e exporta para o resto do mundo obedecendo às regras de limpeza e às normas estabelecidas do setor.

No Brasil, no entanto, esse tipo de importação é proibido por lei e, segundo a Anvisa, materiais hospitalares de fora do país não podem ser reutilizados aqui.

Mais cargas
Existia a expectativa de que outros 14 contêineres também importados pela empresa Império do Forro de Bolso chegassem ao Porto de Suape nos próximos dias. Ontem, a Receita Federal informou que o sistema de comércio exterior foi consultado recentemente e não confirmou a chegada das cargas. De acordo com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tudo que desembarcar no porto passará por uma rigorosa fiscalização

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