postado em 02/11/2011 08:00
Em todo o mundo, 15% dos países registraram aumento da desigualdade entre mulheres e homens nos últimos seis anos, de acordo com o sexto Relatório Global de Desigualdade entre Gêneros 2011, da organização internacional World Economic Forum. Divulgado ontem, o documento mostra que a desigualdade de gênero vem piorando, especialmente entre os países sul-americanos e africanos. O Brasil, apesar de ocupar a 82; posição no ranking com 135 países (veja quadro), conseguiu se tornar mais igualitário ; em relação a 2010, o país subiu três posições. O estudo avalia a diferença entre gêneros nas áreas de participação econômica e oportunidades; de educação; de capacitação política; e de saúde e sobrevivência. O Brasil apresentou avanços em igualdade salarial, mas ainda encontra dificuldades com relação a participações econômica e política das mulheres. Diretora sênior do Programa de Mulheres Líderes e Paridade de Gênero do World Ecomic Forum e uma das autoras do relatório, Saadia Zahidi defende uma ligação direta entre competitividade econômica e a menor desigualdade. ;O mundo está focado em criação de empregos e crescimento econômico e a igualdade de gêneros é a chave para realizar esse potencial e estimular economias;, afirmou. No mundo, os países nórdicos apresentam os maiores índices de redução de desigualdade, ultrapassando os 80%. No caso brasileiro, especialistas afirmam reconhecer a redução da desigualdade e apontam a existência dos programas sociais como uma das motivações da mudança. ;Os programas de transferência de renda têm trazido para a classe média uma faixa grande de pessoas e de mulheres. Temos quase 30% dos domicílios chefiados por mulheres, que são na maioria pobres ou muito pobres. E elas estão sendo priorizadas na logística dos programas sociais;, defende a cientista política e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais, Marlise Matos.
Segundo a especialista, no entanto, a inserção de mulheres no mercado de trabalho não necessariamente representa um passo para a inserção política. ;A inserção no mercado da mulher brasileira ainda é feita de forma muito segmentada, ocupando nichos menos valorizados;, cita. Baseado em informações de aproximadamente 60 países, o documento cita ainda a maternidade das mulheres latino-americanas como uma das dificuldades para a plena participação na economia e na política. Para Marayane de Jesus Rodrigues, 17 anos, que engravidou aos 15, a condição de mãe a distanciou da escola por dois anos. ;Eu precisava cuidar do Yuri. Então, tive que ficar afastada, mas já pretendo retornar no ano que vem;, diz a garota. Ela deixou o colégio no 5; mês de gestação quando cursava o 1; ano do ensino médio. Como tinha notas boas, os professores disseram que talvez possa retomar do 2; ano. ;Ainda vou ver como vai ficar.;
Ranking
País Redução da desigualdade entre gêneros
1; Islândia 85,3%
2; Noruega 84%
3; Finlândia 83,8%
4; Suécia 80,4%
5; Irlanda 78,3%
6; Nova Zelândia 78,1%
7; Dinamarca 77,8%
8; Filipinas 76,9%
9; Lesoto 76,7%
10; Suíça 76,3%
11; Alemanha 75,9%
12; Espanha 75,8%
13; Bélgica 75,3%
14; África do Sul 74,8%
15; Holanda 74,7%
16; Reino Unido 74,6%
17; Estados Unidos 74,1%
18; Canadá 74,1%
19; Letônia 74%
20; Cuba 73,9%
82; Brasil 66,8%