Brasil

O DF tem o menor percentual de crianças com até 5 anos em creches

Helena Mader
postado em 17/11/2011 07:29
Ivonete gasta um terço do salário para deixar um dos filhos com a babá
A capital federal tem a maior renda do país e ostenta o menor índice de analfabetismo entre as unidades da Federação. Mas quando o assunto é a oferta de educação a crianças com até cinco anos, Brasília ocupa uma posição vergonhosa: a cidade tem o menor percentual de meninos e meninas matriculados em creches. Apenas 16,3% dos brasilienses nessa faixa etária estão inseridos na rede pública de ensino. O percentual é muito inferior ao registrado em estados do Norte e do Nordeste. No Maranhão, Piauí e Ceará, por exemplo, cerca de 35% das crianças estão matriculadas nesses estabelecimentos. A média brasileira é de 29,3%.

O descaso com os brasileiros que têm menos de 5 anos é ainda mais evidente diante dos dados do Censo que mostram um crescimento lento da população nessa faixa etária. A taxa de fertilidade caiu. Portanto, nascem menos crianças. E essa demanda poderia ser atendida mais facilmente. O ensino infantil, que consiste na primeira etapa da educação básica, não é obrigatório, mas existe um grande movimento para que esse se torne um dever do Estado. ;Os resultados mostram o tamanho do desafio e a necessidade de um grande empenho por parte das políticas sociais para aumentar a taxa de atendimento das crianças de zero a cinco anos de idade;, diz um trecho do documento de análise dos dados do Censo, assinado pela presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

Além de representar uma tranquilidade para os pais, a presença de crianças nas creches é importante para a formação delas. ;A escola é uma agência socializadora de desenvolvimento. A literatura mostra que, com a educação infantil, a criança adquire maior capacidade para solucionar problemas, além de ganhar uma maior competência cognitiva;, explica o professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília Áderson Costa.

A Secretaria de Educação do DF reconhece o grande deficit de vagas em creches. Segundo a diretora de Educação Infantil, Edna Barroso, existem apenas oito mantidas pelo governo, mas a pasta paga matrículas de crianças em 44 instituições particulares. Ao todo, 6,5 mil crianças estão nas creches do governo. A diretora afirma que os números devem melhorar a longo prazo. ;As creches exigem investimento alto porque os prédios têm que ser adaptados e o número de professores e monitores tem que ser muito maior.;

A balconista Ivonete Soares Rodrigues, 27 anos, espera pelos investimentos. Mãe de duas crianças, ela gasta um terço do salário para poder trabalhar. Hugo, de 7 anos, já está na escola. Mas Ivonete não conseguiu creche para o caçula, Heitor, de 3. ;Tenho que pagar R$ 190 por mês para a moça que cuida do menino mais novo. Esse dinheiro faz muita falta no fim do mês, mas não tem outro jeito, já que nunca consegui vaga em creche do governo;, lamenta.

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