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Coronel acusado da morte de juíza diz que PM do Rio desvia armas e drogas

postado em 18/11/2011 17:43
Rio de Janeiro - O coronel da Polícia Militar (PM) do Rio Cláudio Luiz Silva de Oliveira negou nesta sexta-feira (18/11), durante audiência na 3; Vara Criminal do Tribunal do Júri de Niterói, ter participado do assassinato da juíza Patrícia Acioli. O oficial é acusado de ser o mandante da emboscada feita na madruga de 12 de agosto deste ano para matar a magistrada. Apesar da negativa, ele confirmou a existência de outro tipo de crime dentro da corporação: o chamado ;espólio de guerra; - drogas, armas e dinheiro apreendidos pela PM e desviados antes do registro na Polícia Civil.

Durante o depoimento de mais de duas horas, o coronel disse também que desconhecia qualquer intenção de seus subordinados de executar a magistrada, morta com 21 tiros ao chegar em casa, em um condomínio em Niterói. Patrícia Acioli atuava na 4; Vara Criminal de São Gonçalo e era conhecida pelo rigor com que julgava crimes envolvendo policiais. Segundo a Delegacia de Homicídios, as decisões da juíza prejudicavam negócios ilícitos da quadrilha que agia no Batalhão de São Gonçalo, à época comandado por Cláudio Luiz.

O coronel disse ainda que mantinha apenas relações profissionais com o tenente Daniel Santos Benitez Lopes e o cabo Jeferson de Araújo Miranda. Eles fazem parte do grupo de 11 policiais militares ; entre os quais o próprio Cláudio Luiz - acusados do crime. Perguntado sobre sua proximidade com Benitez - segundo acusação ele pediu o consentimento do coronel para executar a juíza -, Cláudio Luiz assinalou que o oficial "gozava da mesma confiança que os demais" ."Nunca percebi a intenção [de Benitez de matar a juíza]. Se tivesse percebido, teria tomado as providências."

Primeiro dos oito acusados a ser ouvido hoje, o coronel falou a existência do chamado espólio de guerra na PM. No entanto, garantiu que não tomou conhecimento desse crime durante o período em que comandou o Batalhão de São Gonçalo. "O espólio de guerra é um prática comum em batalhões, mas quando chega ao conhecimento do comando ele tem que tomar as devidas providências."

Ao final do interrogatório, o advogado do coronel, Manuel de Jesus, falou sobre depoimento do cabo Jeferson de Araújo. Ao depor ontem (17), Araújo não confirmou a participação do Cláudio Luiz na execução. Quando foi ouvido pela Delegacia de Homicídios, o cabo disse, em troca dos benefícios da deleção premiada, que o coronel era o mentar do crime.

[SAIBAMAIS]Para Manuel Jesus, o depoimento do cabo na audiência de ontem pode beneficiar Cláudio Luiz. "Cria-se uma situação de dúvida [em relação à culpa do coronel]. Afinal de contas, ele [Jeferson] declarou que teria ouvido afirmações de Benitez sobre condutas do coronel A partir disso, essas afirmativas, deixaram de existir.;

Em depoimento à Justiça, Araújo disse que foi coagido a mentir sob pena de ser transferido para os presídio de Bangu 1 ou de Catanduvas (PR). Já o tenente Daniel Benitez, que esteve na audiência ontem, preferiu o silêncio.

O advogado Técio Lins e Silva, assistente de acusação no caso, classificou o depoimento do coronel como "rizível; e "não convincente". Sobre as declarações de Jeferson, Técio disse que o fato dele voltar atrás é "um deboche da própria Justiça". Já em relação ao silêncio de Benitez, destacou: "Quem cala, consente".

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