postado em 20/11/2011 10:18
Em meio a informações desencontradas sobre o vazamento de óleo na Bacia de Campos, no litoral norte do Rio de Janeiro, a Polícia Federal (PF) anunciou ontem que deverá indiciar a petroleira Chevron por dois crimes ambientais. Além de ser a responsável por despejar o equivalente a até 3,7 mil barris diários no litoral nos últimos 13 dias, a empresa norte-americana não estaria recolhendo o petróleo derramado. Segundo o delegado da PF Fábio Scliar, que comanda as investigações do caso, a Chevron estaria usando uma técnica de jateamento de areia para empurrar o óleo em direção ao fundo do mar.
A PF também investigará a suspeita de que a empresa possa ter tentado alcançar a camada pré-sal nas perfurações que realiza no Campo de Frade. Técnicos da Agência Nacional do Petróleo (ANP) não descartam a possibilidade de a petroleira ter usado uma sonda própria, com capacidade de atingir até 7,6 mil metros, profundidade muito além da autorizada para a exploração da plataforma onde ocorreu o vazamento.
Oficialmente, porém, a ANP descarta a possibilidade de o acidente ter sido provocado por alguma perfuração irregular. Servidores da agência passaram o sábado na plataforma, onde investigam as causas do acidente e acompanham o trabalho da empresa, que anunciou o abandono do poço após a crise.
A assessoria de imprensa da ANP informou ontem que as últimas imagens feitas no fundo do mar mostram que a proporção do vazamento diminuiu. No entanto, a agência afirma que o derramamento ainda não foi cessado. A ANP detalhou ainda que a mancha de óleo está se afastando da costa fluminense e seguindo em direção a alto-mar.
Segundo o secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, seis embarcações faziam o trabalho irregular de jateamento de areia. O delegado Fábio Scliar alertou que essa prática é crime. ;Se ficar comprovado que a empresa está utilizando o método de levar o óleo para o fundo do mar, não há dúvida de que ela será indiciada também por esse motivo. Isso é jogar a sujeira para debaixo do tapete;, disse ao Correio o delegado. ;Ela responderá por crime ambiental por mandar o óleo para cima e depois para baixo de volta;, acrescentou.
Negligência
De acordo com Scliar, a Polícia Federal irá interrogar sete funcionários da Chevron na quarta e na sexta-feira. O objetivo é colher provas testemunhais para apurar se o acidente foi causado por negligência da empresa ou por erro de algum funcionário. Em outra frente, a PF deverá investigar a suspeita de que funcionários estrangeiros estariam trabalhando nas plataformas da Chevron sem a autorização do governo brasileiro.
Está previsto para hoje um sobrevoo da Marinha e do Ibama sobre o Campo de Frade, onde está localizada a plataforma da Chevron. Técnicos irão verificar o trabalho de contenção de óleo que vem sendo desenvolvido. A mancha de petróleo estaria, segundo a ANP, com 18km de extensão e 11,8km; de área.
Ao Correio, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Júlio Bueno, afirmou que o vazamento ;não é de grandes proporções;. Segundo ele, o acidente servirá como alerta. ;Tem muito mais efeito de nos alertar como a exploração em alto-mar é complexa e afeta os estados produtores.;