Landercy Hemerson
postado em 21/11/2011 12:54
Mais um passo será dado para desvendar o mistério que cerca a morte da universitária mineira Thaís Caroline Gonçalves, de 22 anos, que ocorreu no dia 13, em Portugal, depois de ela dar entrada em um hospital com crise nervosa. Com a ajuda da advogada do Consulado-Geral do Brasil no Porto, o primo da jovem, que está em Braga, Eduardo Henrique Schemith Celino, espera obter nesta segunda-feira (21/11) informações que ajudem a esclarecer o fato. A família suspeita de negligência médica. ;Pretendo ir ao local onde os seguranças da Universidade do Minho a encontraram, e, se possível, conversar com policias que a levaram para lá;, revela. Sob forte comoção, Thaís foi enterrada ontem à tarde no Cemitério Municipal de Ouro Fino, Sul de Minas.
Pouco antes do embarque da mãe da universitária, Maria Vitória Gonçalves, na sexta-feira (18), o primo teve acesso ao resultado parcial da necropsia. O documento oficial atesta que houve morte natural em decorrência de mau súbito, mas Eduardo não afasta a possibilidade de a jovem ter sido medicada com uma dose excessiva de sedativo no Hospital de Braga.
;A única hipótese que a família descarta é de suicídio. Thaís nunca teve episódio depressivo no Brasil. Ela sempre foi uma menina alegre, o que pode ser comprovado por fotos e vídeos divulgados na internet. É claro que por estar longe de casa ela ficava triste, mas entrar em depressão não acredito;, diz. O primo de Thaís já pensa em pedir exames no Brasil, para comparar com o laudo definitivo de Portugal, mas isso deve demorar pelo menos um mês.
De Braga, Eduardo conta que conversou rapidamente com os colegas mais próximos de Thaís, mas ainda não conseguiu descobrir o que de fato ocorreu. Pelo pouco que sabe, seguranças da Universidade do Minho, onde a jovem morava e fazia intercâmbio, encontraram a estudante ;fora do normal; e tentaram encaminhá-la para o Hospital de Braga, mas ela teria se recusado. ;Tenho certeza de que ela não quis ir, pois tinha medo dos hospitais daqui.; Como a universitária resistia a acompanhá-los, a diretoria da instituição de ensino chamou a polícia local e os guardas levaram Thaís à força para a unidade de saúde. A universitária teria sido sedada de imediato.
A família contesta a versão do Hospital de Braga que, em nota, divulgou que Thaís foi atendida por dois médicos. Eduardo foi quem recebeu um telefonema do responsável pela ala psiquiátrica dizendo que a jovem só seria examinada por um médico psiquiatra na quarta-feira, dia 16. Testemunhas confirmam que a mineira recebeu o sedativo de um enfermeiro.
Eduardo relembra que, no dia anterior à morte, Thaís pediu ao representante de relações internacionais da Universidade do Minho que alterasse a data do voo de volta para o dia 13. Ela queria retomar o curso de relações internacionais na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Franca (SP). ;Pelo fato de a maioria dos amigos ter voltado no primeiro semestre, ela começou a se sentir solitária em Portugal;, conta. ;Thaís estava supercontente porque voltaria para nos reencontrar, o que afasta a hipótese de suicídio.; Parentes e amigos de Ouro Fino haviam preparado uma festa para recepcioná-la.
O corpo de Thaís chegou ao Aeroporto de Garulhos (SP) às 19h de sábado e seguiu em outro voo para Ouro Fino, onde desembarcou as 3h. Na tarde de ontem (20), foi celebrada missa na Igreja Matriz São Francisco de Paula. Familiares e amigos se uniram para fazer a última homenagem à universitária. ;Pegamos todas as fotos da Thaís desde quando ela era pequena. Depois, o padre leu a mensagem que preparamos para ela;, conta a prima Andréia de Castro Gonçalves, ao som de Cássia Eller e Bob Marley, cantores que a jovem mais gostava de ouvir.