Brasil

Câncer atingirá meio milhão de brasileiros segundo estimativa do Inca

postado em 25/11/2011 08:22
Giannechini combate um linfoma não Hodgkin, tipo de câncer que entrou pela primeira vez na estimativa do Inca
A doença de que até pouco tempo atrás muitos evitavam pronunciar o nome tem se tornado mais conhecida pela população. Casos de pessoas famosas, como Steve Jobs, Reynaldo Giannechini e, mais recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contribuíram para a popularidade do mal que, embora cause tanta comoção quando acomete celebridades, será realidade para mais meio milhão de brasileiros em 2012. A estimativa de novos casos, divulgada ontem (24) pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), mostra que, no próximo ano, 518 mil pessoas serão diagnosticadas no país com tumores malignos ; 10% a mais em relação a 2011. No Distrito Federal, onde 8.210 pessoas adoecerão, a incidência de neoplasia na mama é a quarta maior do país (61,2 casos por 100 mil habitantes). A capital fica em quinto lugar no ranking de câncer de próstata (68,7 por 100 mil habitantes).

Esses dois tipos de tumores são os mais comuns no Brasil, respondendo, juntos, a 30% do total de casos estimados. No DF, eles representam 20% de todas as neoplasias. Para o coordenador de ações estratégicas do Inca, Cláudio Noronha, o aumento de casos é uma evolução esperada, uma vez que a população está envelhecendo. A incidência maior de câncer na próstata e de mama, segundo ele, faz parte de uma característica do Brasil. ;O país sempre se comportou dessa forma por questões de hábitos, estrutura etária, entre outros aspectos. Em algumas nações, problemas no pulmão são mais comuns, especialmente onde o tabagismo foi ou ainda é um traço forte da sociedade;, destaca Noronha. Segundo o médico, a solução para reduzir a mortalidade por câncer ; de 60% no Brasil ; é o diagnóstico precoce.

;Existe muita dificuldade para o diagnóstico precoce. Às vezes, a pessoa tem os sintomas, mas não tem acesso ao médico. E também existem médicos que não estão preparados para fazer o diagnóstico;, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Anderson Silvestrini. A Região Norte é a única onde, entre as mulheres, o câncer de mama não é o mais frequente, e sim o de colo de útero, com 23,6 casos para 100 mil habitantes, contra a média nacional, de 17,4. Tal fenômeno, segundo o especialista, pode ser explicado por dois motivos: ;As mulheres, além de iniciarem a vida sexual mais cedo nessa região, não têm acesso fácil a exames que detectam o HPV. Dez ou 20 anos depois da exposição, o câncer surge;, destaca Noronha. Embora uma vacina contra o HPV já esteja sendo vendida na rede privada, o Ministério da Saúde ainda não a incorporou, por questões de preço, ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Exames periódicos
No caso da mama, os exames periódicos também são a forma mais apropriada de descobrir a doença em estágio inicial. Mamografias anuais devem ser feitas a partir dos 35 anos, para quem tem casos na família. E um pouco mais tarde, por volta dos 40 em diante, quando a mulher não apresenta nenhum fator de risco hereditário. ;O câncer de mama não tem apenas um culpado. Obesidade e exposição hormonal estão entre as causas;, esclarece Silvestrini. O crescimento dos tumores na próstata ; que no Brasil é o que mais acomete homens em qualquer região do país ; está fortemente relacionado ao envelhecimento, diz o oncologista. ;É uma doença bastante comum no universo masculino, atinge de 70% a 80% da população.;

Sete novas localizações de câncer entraram pela primeira vez na estimativa do Inca. São eles a neoplasia na bexiga, ovário, tireoide, sistema nervoso central, corpo do útero, laringe e linfoma não Hodgkin. Esses dois últimos acometeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidente, Dilma Rousseff, respectivamente. O ator Reynaldo Giannechini também luta atualmente contra um linfoma não Hodgkin.

Mortalidade
O parâmetro de mortalidade mais aceito está relacionado à sobrevida. Ou seja, o percentual de pessoas que permanecem vivas cinco anos depois de iniciar o tratamento depois do diagnóstico. Em países desenvolvidos, para câncer de mama, por exemplo, a estatística chega a 85%. No Brasil, está em 60% para os casos de mama e em geral. Determinadas neoplasias, como no pulmão ou no cérebro, têm alta mortalidade em qualquer lugar do mundo.

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