Agenor Barbosa
postado em 06/12/2011 14:02
Segundo o capitão dos Portos do Maranhão, Nelson Ricardo Calmon Bahia, a situação do navio sul-coreano Vale Beijing, que está atracado no Terminal da Ponta e apresentou uma rachadura no tanque de lastro, está sobre o controle. O navio está em São Luís desde o último dia 2 e deveria ter partido no dia 4, contudo, o problema impediu a embarcação de seguir viagem. Está em estudo um plano para a retirada do navio da Ponta Madeira para uma área de fundeio (local onde o navio possa ficar ancorado, fora da área do porto).O problema foi detectado durante o carregamento do navio com cerca de 360 mil toneladas de minério de ferro. A avaria consiste na entrada descontrolada da chamada água de lastro no tanque da embarcação. Para conter o desequilíbrio, a água está sendo drenada pelo acionamento contínuo de bombas internas. "Não houve vazamento de carga, água ou óleo até o presente momento. Está havendo o embarque de água de lastre em um dos tanques", informou Calmon Bahia.
Questionado sobre os efeitos de um vazamento de óleo ou mesmo da carga da embarcação, o capitão Calmon Bahia explicou que a poluição alcançaria o entorno da Baía de São Marcos, onde estão concentrados os terminais portuários da Ponta da Espera e Itaqui. Ele esclareceu que a presença do supergraneleiro pode dificultar as atividades no porto, mas não impede a navegabilidade das demais embarcações.
Como não houve vazamento de nenhum material ao meio hídrico e nem dano ao Terminal da Ponta da Madeira, a Capitania dos Portos descartou a aplicação de multa ou outro tipo de sanção à empresa STX Pan Ocean, proprietária do navio. O capitão esclareceu que não há um prazo para a permanência do Vale Beijing na capital maranhense. "A embarcação permanecerá em São Luís até que sejam finalizados os reparos para que ela tenha segurança de navegabilidade", disse.
Remoção nas próximas horas
À noite de ontem, a Companhia Vale do Rio Doce, responsável pelo Porto e contratante da STX Pan Ocean, divulgou uma nota sobre o problema ocorrido com o Vale Beijing. A assessoria de comunicação da mineradora informou que a embarcação está atracada no Píer I do Terminal da Ponta da Madeira e que espera a remoção do navio nas próximas horas para uma área de fundeio. Segundo a nota, a transferência permitirá que a empresa STX Pan Ocean, proprietária e operadora do navio, adote, com segurança, novas ações para o reparo da avaria. O documento destacou ainda que a Vale está acompanhando as tratativas entre a STX Pan Ocean com o DNV (órgão classificador do navio) e as autoridades responsáveis.
Minério para a China
O Vale Beijing é um dos grandes navios inclusos no projeto da Vale para transportar minério de ferro para a China, o maior comprador do produto. A empresa brasileira fez um contrato com a STX Pan Ocean para afretamento da embarcação, ou seja, contratação do navio para transporte de mercadorias através de um preço previamente estipulado. O supergraneleiro tem capacidade para transportar 400 mil toneladas e foi entregue há cerca de dois meses. A causa da rachadura do tanque de lastro ainda é desconhecida e está sendo investigada pela STX. Ainda esta semana, deve ser encaminhada à capital maranhense uma equipe de engenheiros da empresa para solucionar o problema.
Outros casos
Outras embarcações já apresentaram problemas ao se preparem para zarpar do Terminal Marítimo do Porto da Madeira. No dia 11 de novembro de 1994, o navio Trade Daring estava atracado no Píer I e simplesmente se partiu ao meio. O acidente impediu o funcionamento do porto durante duas semanas e foram necessários 35 dias para remover a embarcação do local e normalizar o porto. O problema fez a Diretoria de Portos e Costa (DPC) da Marinha baixar um regulamento sobre a entrada de embarcações com 18 anos ou mais e tornar mais rígida a cobrança do plano de cargas sobre os efeitos a serem provocados na estrutura do navio.