postado em 15/12/2011 07:18
Ao registrar 1.091.125 assassinatos nos últimos 30 anos, o Brasil fecha a primeira década do milênio com uma taxa de homicídios assustadora: 26,2 mortes por 100 mil habitantes em 2010. Ou quase 50 mil corpos tombados ; média de uma vida perdida a cada 10 minutos ; somente no ano passado. Além de ser praticamente o triplo do índice considerado epidêmico pela Organização Mundial de Saúde (10 por 100 mil habitantes), a violência no país matou mais que em nações devastadas por anos consecutivos de guerra. No Afeganistão, onde morreram 12.417 pessoas entre 2004 a 2007, a taxa é de 9,9 por 100 mil habitantes. No Brasil, no mesmo período, foram 192.804 homicídios, resultando no índice de 25,7 ; muito superior ao registrado no confronto armado entre Israel e Palestina (8,3), no Sudão (8,8) ou no Paquistão (1).Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2011, divulgado ontem. O estudo, usado pelo governo federal para implementar políticas de segurança pública, apontou a interiorização da violência. Enquanto a taxa de assassinatos nas capitais e regiões metropolitanas diminuiu 22,3%, de 43,2 para 33,6 entre 2000 e 2010, no interior subiu 46%, de 13,8 para 20,1 por 100 mil habitantes. Alagoas, que em 2000 estava em 11; lugar em homicídios no ranking das unidades da Federação, passou para a primeira colocação, com 66,8 mortes. Em segundo está o Espírito Santo (50,1), seguido do Pará (45,9), de Pernambuco (38,8) e do Amapá (38,7). O Distrito Federal ocupa a 10; posição, com 34,2 mortes por 100 mil habitantes.
;O número de homicídios no Brasil é tão grande que fica fácil banalizá-lo;, diz o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de Pesquisas do Instituto Sangari, responsável pelo levantamento. Segundo ele, o fenômeno da interiorização da violência tem se alastrado, e jovens e negros continuam sendo as vítimas preferenciais. Os dados mostram que, enquanto três negros morrem (em um grupo de 100 mil habitantes negros), um branco perde a vida no Brasil. Em determinados estados, essa relação atinge índices muito díspares. Em Alagoas, por exemplo, a cada branco morto, 36 negros são assassinados, sempre proporcionalmente a um grupo de 100 mil habitantes da respectiva cor. O DF, com oito negros mortos a cada branco, está em quarto no ranking de vitimização da população negra no país, só perdendo para Pernambuco e Paraíba.