postado em 18/12/2011 09:07
A trajetória do carnavalesco maranhense que revolucionou o carnaval carioca se estende também ao Planalto Central. Depois de ser vítima de dois derrames (um em 1996 e o outro, 10 anos depois), Joãosinho Trinta estabeleceu-se em Brasília, em 2006, para um tratamento no hospital Sarah Kubitschek. Acabou criando raízes e permanecendo por cinco anos na cidade. ;Ele quis fazer muito pela cultura da cidade.Viveu aqui como cidadão, pensando o carnaval não só como uma festa, mas uma ferramenta de atração turística. Tive o prazer de apresentá-lo a Oscar Niemeyer e participar das discussões sobre a construção de um sambódromo na cidade. Quis até ser candidato a deputado distrital, mas recuou por problemas de saúde;, revela Ricardo Marques, ex-secretário de Cultura do Distrito Federal, que atua como empresário e ainda preside o Instituto Joãosinho Trinta.
Os dois se conheceram quando o maranhense chegou ao Sarah para o tratamento. Marques, na condição de titular da pasta de Cultura, convidou-o para hospedar-se em sua casa durante o tratamento médico, e Joãosinho aceitou. ;Ele revolucionou não só o carnaval, mas a cultura popular. Era muito gentil, tinha um lado ingênuo de menino, vivia no mundo dos sonhos. Era um erudito;, afirma Marques. A biografia do carnavalesco inspirou-o a ponto de fazer um filme sobre Joãosinho Trinta. O projeto, já aprovado pela Petrobras, deverá contar com o ator Matheus Nachtergaele no papel principal.
Sustentabilidade
No tempo que passou aqui (o carnavalesco voltou para o Maranhão em março deste ano), ele levantou a bandeira do carnaval da cidade. ;Joãosinho defendeu a volta das escolas de samba para o Plano Piloto, saiu com a gente no Pacotão. Um dia, comentou que tinha o sonho de montar uma agremiação carnavalesca para reunir as embaixadas do mundo todo. Outra obra marcante na cidade foi o presépio da Esplanada dos Ministérios, em 2007;, relata Jean de Sousa, presidente da Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília. O traço mais marcante de seu trabalho, na opinião de Sousa, foi dar brilho e glamour a materiais recicláveis, reforçando a ideia, tão em voga, da sustentabilidade.
;Ele foi do lixo ao luxo. Revolucionou o carnaval carioca, transformando-o no maior espetáculo da Terra;, afirma Geomar Leite, o Pará, presidente da União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do Distrito Federal. ;Joãosinho criava enredos geniais. Ratos e urubus, larguem a minha fantasia, em que ele botou na avenida um Cristo mendigo, foi um momento único na história do Carnaval;, destaca Moacyr Oliveira Filho, o Moa, presidente da Aruc. A escola homenageou o carnavalesco em seu samba-enredo de 2009 e sagrou-se campeã da folia brasiliense.