Júnia Gama
postado em 31/12/2011 09:56
Ao menos dois casos de ruptura de próteses mamárias da fabricante francesa Poly Implants Proth;se (PIP) foram registrados em Brasília, segundo a presidente da Regional do DF da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Kátia Torres. Apesar disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém a informação de que não foram notificados casos desse tipo no Brasil e continua defendendo que as quase 25 mil brasileiras que têm o produto no corpo apenas procurem seus médicos para uma avaliação clínica.Na França, o governo recomendou que as mulheres com a prótese da PIP façam a retirada preventiva do implante devido ao alto risco de ruptura e de inflamação. Ontem, a Agência de Produtos Sanitários (Afssaps) do país anunciou o registro de 20 casos de câncer em mulheres que usaram implantes da empresa. Segundo a agência, no entanto, ainda não foi estabelecido que ;os casos são atribuídos aos implantes PIP;. Nas 672 extrações preventivas de próteses registradas na Afssaps, foram descobertos 23 rupturas e 14 casos de transpiração do silicone.
O cirurgião plástico Marcelo Mariano, que fez a troca de implantes PIP em duas pacientes no DF devido à ruptura, descarta que a incidência de câncer seja maior naquelas que tenham próteses da empresa francesa. ;O silicone arrebentado a longo prazo pode causar problemas, seja de qual marca for.; Ele, que contatou 85 pacientes que coloram a prótese em questão, não considera que o número de rupturas seja excessivo e aconselha que as mulheres com próteses façam exames regularmente e somente troquem os implantes em caso de necessidade. ;Quem está com a prótese íntegra não tem com o que se preocupar;, afirma.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Sebastião Nelson Edy Guerra, também afirma que não há motivos para pânico, mas critica a postura tomada pela Anvisa com relação ao assunto. ;Achamos que a Anvisa demorou muito para tomar providências;. Presidente da regional da entidade no DF, Kátia Torres ressalta que, independentemente da marca da prótese, as mulheres precisam ser submetidas a revisões anuais. ;Não há recomendação no Brasil para retirar essa prótese, mas caso a paciente sinta algo, deve em primeiro lugar procurar um médico;, afirma.
A Anvisa informou que a comercialização das próteses PIP estão suspensas desde abril do ano passado, quando o governo francês fechou a fábrica, e que, agora, vai cancelar o registro das próteses e determinar o recolhimento das cerca de 10 mil que ainda estão sob a guarda do importador brasileiro. O Correio tentou entrar em contato com a EMI Importação e Representação, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.
Ontem, o jornal francês Nice-Matin informou que o fundador da PIP, Jean-Claude, investigado por ;fraude com agravante; e ;homicídios culposos;, participa de uma nova sociedade para a exportação de próteses de baixo custo essencialmente à América Latina. Conforme a publicação, Jean-Claude aparece como diretor de uma sociedade criada em junho por seus dois filhos para a fabricação do produto. A France Implant Technologie (FIT) nasceu para substituir a PIP, dissolvida judicialmente em 2010, após a detecção dos problemas em próteses fabricadas com silicone industrial não recomendado pela medicina.
Quem vai pagar?
O Procon do DF informa que os gastos para quem tiver de realizar nova operação para a troca da prótese devem ser assumidos pelo responsável pelo produto. Como a fabricante francesa (PIP) deixou de existir no ano passado, a importadora do produto, EMI Importação e Representação, deve arcar com os custos. A paciente precisa abrir uma reclamação no Procon ou acionar a Justiça para fazer valer o seu direito.
25 mil
Estimativa de brasileiras que têm a prótese mamária produzida pela empresa francesa PIP