postado em 04/01/2012 15:21
No Dia Nacional do Hemofílico, lembrado hoje (4), o coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, garantiu que o estoque de remédios para tratar pacientes com a doença está garantido para 2012. ;Não vai faltar medicação, com certeza;, disse.Em entrevista, ele explicou, para este ano, 650 milhões de doses foram adquiridas, contra 300 milhões em 2011 e 270 milhões no ano anterior. Segundo Genovez, o estoque atual representa três doses para cada brasileiro. A pasta já fez licitação para a compra de mais 1,2 bilhão de unidades.
;O maior avanço que a gente conseguiu este ano foi regularizar a compra e a distribuição de medicamentos. É um medicamento caro, a dependência externa é total, já que nós dependemos de companhias internacionais para o fornecimento; e a matéria-prima usada é finita, feita a partir de plasma humano;, disse.
O coordenador lembrou também que, com as compras do medicamento regularizadas, o ministério conseguiu iniciar o tratamento de profilaxia primária ; indicado como prevenção aos sangramentos, mas apenas para pacientes que nunca tiveram hemorragias graves e, portanto, não têm sequelas da doença.
;Não existe exclusão. Mas, para um indivíduo que já está com a articulação perdida, não adianta fazer profilaxia. Vamos tratá-lo sob demanda. É isso que mandam os guias internacionais;, explicou. Pacientes com sangramento de repetição nas articulações, por exemplo, também podem ter acesso à profilaxia primária, desde que tenham indicação médica.
É o caso do estudante de oceanografia Iury Simões, de 19 anos, morador de Fortaleza. Ele recebeu o diagnóstico de que tem hemofilia tipo A grave e, por causa da doença, produz menos de 1% do fator 8 ; necessário para a coagulação do sangue.
;Meu corpo fica suscetível a hemorragias constantes. Tomo o remédio toda semana, mesmo sem hemorragia;, contou. O estudante defende que a prevenção esteja disponível para todos os pacientes. ;Somos pessoas normais, temos que estudar, trabalhar e nos divertir. Não podemos ficar só em hospitais.;
O auxiliar administrativo Maximiliano Anarelli de Souza, de 34 anos, luta para conseguir a medicação indicada para a doença. Diagnosticado com hemofilia tipo A leve, ele só tem direito ao remédio quando sofre alguma hemorragia e precisa percorrer 180 quilômetros para buscar uma única dose.
;Tenho que ir a Belo Horizonte de mês em mês, ou a cada dois meses. O ideal seria ir, no mínimo, a cada seis meses. Daria para ter uma vida normal. A gente acaba perdendo aula, trabalho.;
O pequeno José Aparecido Vieira, de 11 anos, sonha em ser arquiteto e garante que a doença não vai atrapalhar seus planos. ;Gosto de desenhar e de fazer cálculo;, disse.
;Só tenho que tomar o remédio quando me machuco. Não é difícil e nunca me empatou [atrapalhou] em nada;, completou. Com hemofilia tipo A leve, o aluno do 7; ano toma a medicação apenas quando sofre algum corte ou precisa arrancar um dente.