Juliana Braga
postado em 05/01/2012 07:59
Pelo menos 2 milhões de pessoas já foram afetadas pelas fortes chuvas que caem sobre os municípios de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Em Minas, são quase 10 mil desalojadas e mais de 400 desabrigadas em 119 cidades. A situação é de emergência em 66 municípios do estado, o mais atingido do país. No Rio, há cerca de 20 mil pessoas afetadas no norte e no noroeste fluminense, onde há seis municípios em situação de emergência. Os números, divulgados pela Defesa Civil, revelam ainda a ocorrência de mais de 360 deslizamentos, 40 inundações e 20 enxurradas. Tanto no Rio quanto em Minas a previsão é de mais chuva nos próximos dias. O período chuvoso atinge Minas desde outubro e já deixou oito mortos ; seis apenas este ano. Na tarde de ontem, o Corpo de Bombeiros retirou de escombros o corpo do segundo taxista soterrado na rodoviária de Ouro Preto, atingida por um deslizamento na segunda-feira. A primeira vítima foi encontrada e resgatada sem vida na terça. Em Citrolândia, região de Betim, na Grande Belo Horizonte, foram registradas cerca de 30 casas inundadas em função da elevação do nível do leito do Rio Paraopeba.
Na Região Serrana fluminense, devastada no início do ano passado, quando cerca de mil pessoas morreram, o volume dos rios aumentou muito, acarretando enchentes. Na cidade de Italva, por exemplo, mais de 400 pessoas estão desalojadas e metade da população está sem água potável. O prefeito Joelson Soares (PDT) reclamou da falta de investimentos. ;É preciso gastar em prevenção. Nós estamos em uma área muito esquecida, e todo ano acontece a mesma coisa. Eu não sei exatamente como, mas tem de haver uma forma, um investimento, para que isso não se repita;, disse.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, informou ontem que a pasta ainda aguarda as demandas de recursos solicitados pelos estados mais afetados pelas chuvas. No mesmo dia em que o governo federal demonstrou disposição em ajudar as cidades destruídas pelas chuvas no início deste ano, técnicos estaduais criticaram a falta de medidas relativa às enchentes ocorridas em janeiro de 2011.
Representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) realizaram uma vistoria nas áreas de maior risco de enchentes de Nova Friburgo e alertaram para a possibilidade de novos deslizamentos e enchentes. ;É preciso rezar para não ter enchente em Friburgo. As obras de prevenção já tinham que ter sido feitas. As áreas estão fragilizadas. Alertamos para o risco de uma nova tragédia;, afirmou o assessor de Meio Ambiente do Crea-RJ, Adacto Ottoni.
Segundo o especialista, em um ano, só foram tomadas medidas emergenciais, como atendimento às vítimas, instalação de sirenes, reconstrução de pontes e dragagens de rios. Os técnicos afirmaram que, agora, a prioridade seria retirar a população das áreas mais críticas e esperar a estiagem para fazer as intervenções preventivas. O Ministério da Integração informou que assinou obras no valor de R$ 330 milhões para a Região Serrana.
Trânsito
Trechos de estradas federais ficaram parcial ou totalmente fechados no país devido a rachaduras e deslizamentos de terra. A situação mais crítica é em Minas. A BR-356, na entrada de Ouro Preto, foi fechada após a queda de uma barreira da rodovia. A BR-040, no trecho próximo a Belo Horizonte, está com uma das três pistas interditada.
Goiás também teve uma rodovia fechada devido às chuvas. Em 29 de dezembro, um trecho da BR-153, próximo a Anápolis, foi parcialmente interditado depois que parte do acostamento desmoronou. O trabalho de reconstrução deve terminar hoje. O ministro dos Transportes, Paulo Passos, apresentou ontem à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, um relatório dos estragos causados nas rodovias desde o mês passado.
Colaborou Paula Filizola