postado em 09/01/2012 07:16
Dezessete dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicar uma nota recomendando uma visita ao médico às mulheres que utilizam próteses mamárias de silicone da marca francesa Poly Implant Proth;se (PIP), que foram preenchidas com material irregular, as autoridades de saúde ainda patinam sobre as informações sobre quem são as brasileiras com esses implantes. A Anvisa promete apresentar, nesta quarta, ao Ministério da Saúde e às sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica (SBPC) e de Mastologia (SBM) apenas um rastreamento do produto ; o Brasil importou 34.631 unidades da marca PIP, das quais 24.534 foram comercializadas ;, sem detalhes sobre as mulheres que, conforme indicou a agência, precisam recorrer a um médico.
Estima-se que próteses da PIP foram distribuídas principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo, nos estados da Região Sul e em alguns institutos de referência do câncer. Em entrevista recente, o diretor-adjunto da agência, Luiz Roberto Klassmann, afirmou que não sabe se, após o detalhamento, as vigilâncias sanitárias serão acionadas para tentar encontrar as pacientes que implantaram o produto inadequado. Médicos do Distrito Federal começaram, por contra própria, a procurar as clientes com o produto francês.
Banco de dados
Para evitar problemas parecidos no futuro, a Comissão de Silicone da SBCP anunciou que vai acompanhar mais de perto o implante de próteses nos seios. A ser inaugurado ainda neste mês pela entidade, o Cadastro Nacional de Implantes Mamários (CNIM) contará com informações sobre quem, onde, qual a marca e em qual situação o silicone foi colocado ou removido, com sigilo tanto do médico quanto da paciente. O preenchimento do banco de dados, no entanto, não será obrigatório.
;Não sabemos quais foram os lugares que colocaram essas próteses (PIP). Temos que contar com o representante para nos dar essa informação. Isso é um absurdo. O Ministério da Saúde e a Anvisa não têm nada semelhante ao que estamos fazendo;, critica Wanda Elizabeth Correa, presidente da comissão. ;Toda prótese rompe um dia devido ao desgaste natural e a sua vida útil. Se ela romper antes, tem algo de errado;, completa.
A ideia do cadastro surgiu há mais de oito anos, em um comitê internacional que pretendia fazer com que todos os países aderissem à iniciativa. ;A burocracia é muito grande, mas o Brasil persistiu. A base do programa está pronta, a firma que vai fazer o gerenciamento foi contratada, os médicos serão numerados e vão receber uma cartilha sobre como utilizar o sistema. Acredito que, no início de fevereiro, já teremos algumas informações no sistema;, prevê Wanda.
A médica espera que, no cadastro, apareçam informações sobre as próteses de silicone da marca holandesa Rofil, que também foram preenchidos com material impróprio. ;Como essa empresa não vende mais para o Brasil, não temos nem um percentual de quantas próteses existem dessa marca;, pontua Wanda. A Sociedade Internacional de Estética e Cirurgia Plástica, sediada nos Estados Unidos, também recomenda a remoção do implante da Rofil devido ao risco de ruptura prematura. Os produtos dessa marca entraram no mercado brasileiro em 2004 e as importadoras têm autorização para comercializá-los até 2014, conforme informações disponíveis no site da Anvisa.