postado em 15/01/2012 08:10
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, percorreu ruas da região conhecida como Cracolândia, na capital paulista, na madrugada de ontem, dentro de um carro, e escoltado por outro veículo. A ;inspeção; do governador durou 10 minutos, período em que ele nem sequer deixou o carro. Alckmin deixou o local à 1h20. Apesar de não ter descido do veículo em nenhum momento, ele garantiu ter visto avanços consideráveis nas condições do local: ;Ontem voltei bem tarde da noite e verifiquei que nós avançamos bastante, a região já tem mais segurança;.
Entre maconha, cocaína e crack, cerca de 30kg das drogas foram apreendidas pela Operação Integrada Centro Legal, desde o dia 3 deste mês, na Cracolândia. Divulgado pela Polícia Militar na manhã de ontem, o balanço das ações realizadas no centro da cidade de São Paulo informa ainda que 106 pessoas foram presas e 43 condenados foragidos da Justiça foram capturados; enquanto 83 flagrantes que incluíram atos infracionais foram feitos. Os números são resultado de 4.273 abordagens policiais.
O governador afirmou que a presença policial será mantida no local após o início da operação, que tem entre os objetivos combater o tráfico de drogas e dispersar usuários das ruas. Alckmin destacou também as ações de saúde e sociais que acompanham a operação. Segundo o governador, 80 dependentes químicos manifestaram o interesse em tratar-se. ;Isso significa uma média de sete internações por dia;, disse. O balanço divulgado pela Polícia Militar mostra a realização de 2.964 atendimentos pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), resultando em 878 encaminhamentos para abrigos e 1.357 abordagens de agentes de saúde, com 212 encaminhamentos.
Violência excessiva
Apesar dos números oficiais, a eficiência da ação e a atuação violenta de policiais já foram questionadas. A operação é alvo de um inquérito civil do Ministério Público, conta com intervenções da Defensoria Pública e foi objeto de uma reunião, na última sexta-feira, entre promotores, o comando da PM e representantes das secretarias municipais e estaduais de Saúde, Assistência Social e Justiça.
A Defensoria Pública de São Paulo informou, por meio de nota, que, a partir da próxima segunda-feira, psicólogos e assistentes sociais que integram o quadro técnico de apoio da Defensoria estarão presentes para auxiliar no encaminhamento de pessoas atendidas para a rede pública de saúde e de assistência social. Na sexta-feira, integrantes do órgão distribuíram panfletos para orientar dependentes da Cracolândia sobre direitos civis, durante as abordagens policiais. Entre eles, estão o tratamento com educação e respeito, a liberdade de ir e vir e de associação pacífica, além do direito à identificação dos policiais.
Ontem, um grupo denominado Desentorpecendo a Razão (DAR) organizou um churrasco para 200 pessoas na Cracolândia em protesto contra a violência policial dos últimos dias. Cerca de 4 mil pessoas chegaram a confirmar presença no evento pelo Facebook. O encontro foi chamado de Churrascão de gente diferenciada ; versão Cracolândia e transcorreu de forma pacífica.