postado em 16/01/2012 07:15
A morte da dona de casa Geralda Lúcia Ferraz Guabiraba, de 54 anos, em Mairiporã, na grande São Paulo, durante o fim de semana, continua a intrigar a polícia, que ainda não conseguiu encontrar uma linha de investigação. O crime chocou pela violência. Ela foi encontrada na manhã de sábado em um local conhecido como pedra da macumba, com o rosto desfigurado, e teve os olhos e a pele da face arrancados. Os investigadores trabalham com a hipótese de morte vinculada a rituais de magia negra, mas somente após ouvir os familiares será definida uma linha de apuração. Ontem, foram recolhidos na casa de Geralda alguns documentos e o computador que a mulher usava, e hoje serão copiadas as imagens do circuito interno dos prédios próximos aos dela.
Ela era uma mulher católica e pacata, conforme definição da delegada que cuida do caso, Cláudia Patrícia Dalvia. E esse é um dos motivos que torna a investigação mais difícil, já que não há, até agora, nada que indique a relação de Geralda com rituais de magia negra ; a principal linha de investigação. ;Só vamos ter mais detalhes quando pudermos conversar com a família, que hoje está sem condições de prestar um depoimento formal;, afirmou a delegada ao Correio. ;Amanhã (hoje) vamos tomar o depoimento do genro da vítima, que pode nos dar alguma pista;, acrescenta Cláudia.
Segundo as primeiras investigações, Geralda passava por uma crise de depressão, mas não tomava remédios. Conforme parentes relataram informalmente, ela falava em morte e passou a usar a internet com bastante frequência e a apresentar um comportamento estranho. Mas, até agora, não se sabe se ela tinha problemas com outras pessoas. ;Somente depois que conseguirmos ouvir a família é que adotaremos uma linha de investigação. Por enquanto, tudo ainda está muito aberto, e não podemos dizer que ela morreu em um ritual de magia negra ou foi um crime aleatório;, diz a delegada Cláudia.
Denúncia anônima
Geralda, que é de classe média, teria saído por volta das 23h de sua casa, em Lauzane Paulista, na zona norte de São Paulo, em seu carro, um Chevrolet Tracker. A atitude é considerada estranha por testemunhas do caso, já que ela não saía com muita frequência de casa. O corpo estava na Estrada de Santa Inês, em Mairiporã. O marido, José Pereira Guabiraba, toma remédio para dormir e não viu quando a mulher deixou a casa.
O corpo foi encontrado no sábado, depois de uma denúncia anônima feita à Polícia Civil. Geralda estava em um local conhecido, onde há indícios de que outros crimes dessa natureza tenham acontecido. Ela estava com o pescoço cortado, o rosto desfigurado e sem a pele da face, além de os olhos terem sido arrancados. Ao lado do corpo foram encontradas três cestas de vime, que os investigadores não sabem se há relação com o crime. Além disso, havia um pedaço de vidro. Todo o material colhido no local foi enviado para exames periciais.
O que vem intrigando a polícia é que o carro não tinha marcas de arrombamento e estava com as chaves na ignição. Dentro do veículo havia um copo de alumínio e uma garrafa, que também foram enviados para análise pericial. Apesar do corte profundo no pescoço, os investigadores não encontraram outros sinais de violência. ;Por muitos motivos é que teremos que começar a traçar uma linha de investigação só a partir do depoimento da família, e quem será ouvido primeiro será o genro, o único que está com condições de falar, neste momento;, explica a delegada.
Crimes hediondos
Há 20 anos, a morte e a emasculação de jovens no Pará e no Maranhão também deixaram a polícia intrigada, já que os cortes eram feitos de forma cirúrgica. Várias pessoas, inclusive médicos, foram presos como suspeitos. Foram mais de 10 vítimas nos dois estados, mas somente há cinco anos as autoridades prenderam um homem que teria confessado os crimes. Segundo ele, no entanto, os homicídios não teriam relação com magia negra.