Brasil

Battisti atrai simpatia de participantes do Fórum Social Mundial

Agência France-Presse
postado em 26/01/2012 19:32

Porto Alegre - O ex-ativista de ultraesquerda italiano Cesare Battisti, acusado em seu país de vários assassinatos nos anos 1970 e asilado no Brasil, atraiu simpatia nesta quinta-feira (26) no Fórum Social Mundial, que em 2009 ficou dividido sobre sua causa.

"Considero Battisti um ícone da revolução, que tem bastante a ver com o que este fórum propõe", disse Johan Trindade, estudante do Rio de Janeiro que esteve na apresentação do último romance de Battisti, motivo da presença dele no evento.

Battisti não pôde fazer os comentários políticos que a plateia esperava, impedido por sua condição de refugiado, segundo avisou ao apresentá-lo a socióloga Rosa da Fonseca, integrante de um movimento de crítica radical ao capitalismo.

"Eu não sou essa pessoa que apresentaram nos meios de comunicação. Eu sou escritor, há 25 anos, e pretendo mostrar isso em minha vida no Brasil. Faço trabalho social e por isso me defendem na França", disse Battisti.

Seu romance "Ao pé do muro" será editado na França e no Brasil no final de fevereiro ou março, explicou o italiano.

O livro foi escrito enquanto o autor estava detido no Brasil à espera de uma decisão sobre sua extradição à Itália e reflete os pensamentos de um preso durante o curto horário de passeio no pátio de uma prisão.

Battisti alertou que não se trata, contudo, de uma autobiografia, porque "a realidade é muito forte para ser digerida. Ninguém quer conhecê-la, ninguém acreditaria".

O caso Battisti causou divisões no Fórum Social Mundial realizado em 2009 em Belém, depois que ONGs radicais fizeram campanha a favor de que o Brasil aceitasse refugiar o ex-militante, enquanto organizações italianas se pronunciaram em sentido contrário.

Condenado na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, dos quais ele diz ser inocente, Battisti viveu no exílio no México e na França, país onde se transformou em autor de romances policiais.

O italiano chegou ao Brasil em 2004, em um momento em que a França ia revisar sua decisão de asilá-lo e foi detido em 2007, requerido pela justiça de seu país.

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva negou o pedido de extradição na Itália em seu último dia de governo, dia 31 de dezembro de 2010, uma decisão que causou fortes tensões diplomáticas entre ambos os países.

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