O Rio de Janeiro prepara-se para tentar retomar a normalidade no Centro da cidade, interrompida depois do desabamento de três prédios que deixou pelo menos 17 vítimas. Enquanto o entulho é retirado e a prefeitura monta um plano de reativação da área, com a liberação do trânsito, o restabelecimento da estrutura de iluminação, a desobstrução do sistema de drenagem e a recuperação das calçadas em pedras portuguesas, cinco famílias ainda vivem o drama da espera.
Até a tarde de ontem, 95% dos escombros haviam sido removidos, mas nenhum corpo foi encontrado desde a madrugada de sábado. Ao Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, por sua vez, foram enviados ossos e seis fragmentos de corpos na tarde de ontem. Só depois de minuciosa análise os especialistas poderão reconhecer as mutilações como parte dos corpos das pessoas dadas como desaparecidas. A verificação será feita por meio de exame de DNA. O Corpo de Bombeiros, que na primeira fase da operação contou com maquinário pesado, agora faz buscas manuais à procura de restos mortais. Dos 17 corpos encontrados, 13 foram identificados por familiares das vítimas até agora.
Apesar dos esforços das equipes de busca, o comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou ontem que não há garantia de que todos os corpos sejam encontrados. ;Em alguns pontos, houve muito fogo. Alguns corpos podem ter sido carbonizados. A segunda parte do trabalho é mais minuciosa, pois estamos atentos à presença de ossos ou dentes nos destroços.;
Monitoramento
O entulho retirado da área central do Rio será reexaminado no depósito da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para onde foram enviados os destroços dos três prédios. Como em meio ao material existe grande volume de pertences das vítimas e de equipamentos dos prédios, os destroços serão monitorados por sistema de câmeras e vigilância da Polícia Militar. Por enquanto, os pertences das vítimas e os equipamentos dos prédios que estão misturados ao entulho não serão devolvidos às famílias e aos proprietários de salas.
O material será periciado pela Polícia Civil e pelo Instituto de Criminalística Carlos Eboli, que apura as causas do desabamento. Uma empresa será contratada pela prefeitura do Rio de Janeiro para recolher e catalogar o material nos destroços. Só ao fim do reconhecimento dos cinco desaparecidos, pessoas que sobreviveram à tragédia e parentes das vítimas receberão os pertences. Os proprietários, no entanto, poderão acompanhar o processo de separação dos bens, auxiliando na identificação das peças antes de o material ser liberado pelas autoridades policiais.
A área onde ocorreu o desabamento dos três prédios foi cercada por tapumes e, de acordo com a prefeitura, há previsão de que hoje, às 5h, o trânsito seja liberado. Ontem, o fluxo de carros e pedestres ainda estava bloqueado, pois equipes da Secretaria Municipal de Conservação e da Comlurb ainda realizavam a operação de limpeza e de recuperação das vias. O comércio de bares, lanchonetes e restaurantes próximo à região da tragédia já voltou a funcionar.