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Policiais Militares em greve desocupam assembleia legislativa em Salvador

postado em 09/02/2012 07:11
Os policiais grevistas que ocupavam a Assembleia Legislativa da Bahia desde o dia 31 de janeiro deixaram o prédio no início da manhã de hoje (9). Dois líderes do movimento que tiveram a prisão decretada pela Justiça, Marcos Prisco e Antônio PauloAngelini, foram presos e pediram para sair pelos fundos do prédio. O pedido foi aceito pela Polícia do Exército e pela Polícia Federal, que fizeram a prisão, e os dois foram levados de helicóptero para uma unidade da Polícia do Exército em Salvador.

Saíram do prédio 245 policiais grevistas e não havia crianças entre os manifestantes, de acordo com o tenente-coronel Márcio Cunha, responsável pela comunicação da operação. Todos passaram por uma vistoria do Exército antes de deixar o local. Após a saída, o Exército iniciou uma varredura. Ainda não há informação sobre a existência de armas no prédio ou de armas apreendidas. Ainda restam oito mandados de prisão a ser cumpridos. Ao sair do prédio, os policiais que não tinham prisão decretada foram embora em seus próprios carros.

[SAIBAMAIS]O governo da Bahia propôs aos militares, em reunião na tarde de terça-feira (7/2), o pagamento da Gratificação por Atividade Policial (GAP) conforme acordada no movimento grevista de 2001, ou seja, de forma escalonada até 2015. ;A proposta é centrada no objetivo principal de estabelecer uma política de mobilidade no avanço entre os níveis da GAP até chegar ao quinto e último nível da gratificação criada em 1997. Também está inserida na proposta uma medida de valorização do soldo com a incorporação de R$ 41,00 da GAP 3;, diz a nota publicada no site do governo.

No entanto, o acordo não foi aceito pelos grevistas. Eles reivindicam que o pagamento das gratificações seja feita de uma vez só, e não até 2015. A proposta apresentada também prevê a não punição administrativa dos policiais grevistas. ;O governo do estado também resolveu desconsiderar, pela via legal, como infração administrativa disciplinar as situações que envolvam, exclusivamente, a paralisação pacífica do serviço durante o período do movimento;, diz a nota.

População com medo

A greve dos PMs na Bahia começou em 31 de janeiro e o governo do estado solicitou auxílio da Força Nacional de Segurança e do Exército para fazer o patrulhamento nas ruas e cercar o prédio da Assembleia, que havia sido tomado pelos grevistas. Desde o início da greve, o número de homicídios cresceu rapidamente, deixando a população e os turistas que visitam o estado frequentemente assustados.

Por causa da greve, as aulas estão suspensas nas escolas públicas e privadas, em alguns bairros, lojas de eletrodomésticos, alvo preferido dos saqueadores, estão fechadas. Cerca de 120 pessoas foram assassinadas desde o início da paralisação.

Líderes presos

Pedidos de habeas corpus de Marco Prisco e dos outros 11 policiais com mandados de prisão preventiva decretados foram feitos pelos advogados de defesa no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) no fim da tarde desta quarta-feira (8/2) e devem ser avaliados ainda nesta quinta-feira (9/2). O cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento grevista do Rio de Janeiro, foi preso ao desembarcar na cidade na noite desta quarta-feira (8/2). Daciolo é acusado de cometer crime militar e ficará detido administrativamente por 72 horas no quartel central dos bombeiros.

Gravações telefônicas divulgadas ontem mostraram que o cabo, que apoia o movimento de paralisação dos policiais militares da Bahia, planejava deflagrar atos grevistas no Rio caso a PEC 300 ; proposta que um piso nacional para bombeiros e policiais militares ; não fosse levada a votação no Congresso nos próximos dias. O governador do Rio, Sérgio Cabral, solicitou cópias das gravações em disse que serão tomadas as providências cabíveis para a manutenção da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro.

Há temor de que a greve de policiais militares na Bahia se alastre para outros estados da federação, como o Rio de Janeiro e o Distrito Federal.

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