postado em 06/03/2012 21:00
Os consumidores paulistanos reclamaram da falta de combustíveis e da alta do preço hoje (6). A greve dos caminhoneiros que distribuem combustíveis fez muitos consumidores correram para os postos para encher o tanque.;Falei com meu pai agora e ele me disse para abastecer porque está faltando combustível. Só que o primeiro posto em que eu parei me cobrou R$ 3,60 o litro da gasolina aditivada, porque não tinha a comum;, reclamou o empresário Ricardo Nascimento, que costuma pagar R$ 2,90 o litro.
Sindicalistas e donos de postos dizem que os preços não devem subir por causa da falta de combustível nas bombas.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviário de Empresas Liquidas e Corrosivas do Estado de São Paulo (Sinditanque), Bernabé Rodrigues Gastão, disse que o aumento no preço ;não se justifica;. O dono do Auto Posto Satomi, Salvador Caetano, também disse não haver justificativa para o aumento no preço da bomba. ;Não acredito [em aumento do preço]. Os preços já vem sendo aplicados há muitos meses e estão estáveis junto à economia.
Por meio de nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) disse ter conhecimento sobre o aumento de preços na venda dos combustíveis ;muito acima do normal e razoável;. ;Esclarecemos que aumentos abusivos de preços em razão desse tipo de situação pode caracterizar, segundo a legislação brasileira, crime contra a ordem econômica e as relações de consumo. Fique atento para não ter problemas;, alertou o sindicato.
O desabastecimento atrapalhou o motorista Josenildo de Melo Silva que rodou a cidade para encontrar gasolina. ;Dependo da gasolina. Já rodei por uns dez postos hoje. Só nesse [na Rua Guaipá] consegui [encontrar] gasolina comum;, disse ele. Para ele, a paralisação dos caminhoneiros em protesto contra as restrições de circulação na Marginal Tietê e em outras vias da cidade, está provocando um sério problema na cidade. ;É um caos. Vamos ficar sem transporte, sem trabalho, sem comer, sem nada;.
Outro que também rodou por dez postos até encontrar gasolina ou álcool para abastecer seu carro foi o comerciante Tiago Mora. ;Tem posto em que eu fui que está até fechado. Nem funcionando mais estava. Dependo do carro para trabalhar. Sem combustível, não trabalho;, disse ele. Hoje ele encheu o tanque do seu carro. ;Completei o tanque, mas em uns três dias acaba;.
A Agência Brasil percorreu na tarde de hoje 11 postos de combustível localizados na Lapa e na Vila Leopoldina, na zona oeste da capital. Constatamos falta de gasolina, principalmente a comum, em quase todos. Somente em dois postos havia todos os combustíveis, mas os frentistas não sabiam informar até quando eles estariam disponíveis.
Em um deles, só restava diesel. ;Está faltando combustível. Estou sem gasolina comum, álcool e sem gasolina aditivada. Só tenho diesel no tanque. Estou desde às 14h sem produto;, disse Márcio Latuf, dono do posto Martinelli. Segundo ele, a paralisação está afetando seu faturamento. ;Já estou com meio dia de faturamento perdido. Você vê os clientes entrando, tentando abastecer, eu não tenho o produto para vender, o caminhão está parado e não consegue carregar, estou sem combustível e não tenho alternativa. Estou aguardando alguém tomar alguma atitude para parar de prejudicar a população e a gente, em específico;.
Os donos dos postos dizem não ter previsão de quando a situação será normalizada. Assim como Latuf, o dono do Auto Posto Satomi, Salvador Caetano, também reclamou da falta de entendimento entre sindicatos e prefeitura que estão afetando o abastecimento na cidade e que deixaram seu posto sem gasolina hoje. ;Hoje é o segundo dia de paralisação. Tínhamos pedidos de combustível para ontem e hoje. Não recebemos e não há previsão para se normalizar a situação amanhã;, disse Caetano. ;Isso [desabastecimento] afeta nossa imagem, principalmente, e também o lucro;.
Segundo o frentista Riccelli Ikehara, do Auto Posto Imperatriz, o movimento hoje ;foi maior do que o normal para uma terça-feira;. Por volta das 15h30, já não havia gasolina comum e aditivada no posto e o álcool também estava próximo do fim.
O taxista Osvaldo Luiz Viola reclamou da falta de combustível. ;Quero deixar pelo menos o tanque cheio para poder trabalhar;, disse ele, enquanto abastecia o carro. ;Tive que colocar etanol porque aqui não tem mais gasolina, nem comum nem aditivada;.
Outra preocupação dos consumidores é com relação ao transporte público. ;Greve atrapalha porque o transporte público pode ficar sobrecarregado e os ônibus também dependem de diesel e podem não funcionar;, disse o cabeleireiro Robson Bertaglia.