postado em 09/03/2012 10:07
Rio de Janeiro - A organização não governamental ambientalista Greenpeace quer promover a discussão sobre o desmatamento zero durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio%2b20, que ocorrerá em junho, no Rio de Janeiro. Essa será a principal bandeira da ONG durante o evento. Porém, diante da decepção dos ambientalistas em relação ao rascunho do documento que servirá de base das negociações durante a conferência, conhecido como ;draft zero;, as manifestações do Greenpeace serão realizadas em eventos paralelos, na Cúpula dos Povos, fora da agenda oficial.O coordenador do Greenpeace para a Rio%2b20, Nilo D;Ávila, criticou a ;falta de audácia; da Organização das Nações Unidas (ONU) e do governo brasileiro no sentido de construir um documento mais forte. ;O ;draft zero; é um zero mesmo;, analisou. Para ele, ;um documento que começa fraco, tende a terminar mais fraco ainda;. Por esse motivo, o Greenpeace preferiu levar os debates ;para o lado de fora; da conferência oficial. ;A gente quer discutir com a sociedade e levar questões importantes sobre a floresta e a matriz energética, em termos globais.;
[SAIBAMAIS]O governo brasileiro defende o fortalecimento das fontes renováveis de energia na matriz internacional, informou à Agência Brasil o chefe do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador André Corrêa do Lago. O embaixador, que é o principal negociador do Brasil para a Rio%2b20, acredita que a sociedade civil tem como função cobrar metas sejam mais ambiciosas dos governos. ;Acho perfeitamente legítimo que ONGs, como o Greenpeace, se manifestem a favor de que sejam feitas mais coisas. É extremamente positivo.;
Lago espera que a sociedade influencie as decisões que serão obtidas na Rio%2b20. ;Eu recebo com muita alegria que a sociedade civil queira mais do documento zero e faça todos os esforços possíveis para que o documento zero seja mais ambicioso. A função da sociedade civil é cobrar;, lembrou.
D;Ávila defendeu a inclusão das mudanças climáticas entre os temas a serem debatidos na Rio%2b20, mas disse que o governo brasileiro parece ;querer fugir da questão;. O embaixador esclareceu que existe diferença entre abordar a questão e negociar a mudança do clima. Segundo ele, as negociações sobre o clima têm o seu próprio ritmo e ocorrem dentro da ONU. ;Não tem sentido nenhum a Rio%2b20 abordar negociação de mudança do clima. Mas abordar os temas da mudança do clima, é claro que sim;.
Outro tema que está ganhando força dentro da conferência é a proteção aos oceanos e, por extensão, às águas profundas. ;É um dos pilares da discussão contemporânea do Greenpeace;, salientou Nilo D;Ávila. Ele crê que esse deverá ser um dos destaques da conferência oficial. A participação do Greenpeace na Rio%2b20 será focada na Cúpula dos Povos, reunião que deverá ocorrer paralelamente, como contraponto às negociações formais. No período, o Greenpeace abrirá à visitação pública o seu mais novo navio, o Rainbow Warrior, cujos equipamentos reúnem o que existe de mais moderno em termos de eficiência energética, aproveitamento de combustíveis e telecomunicações.
A ONG internacional montará também, no Aterro do Flamengo, um acampamento solar, onde voluntários e ativistas ficarão durante dez dias, usando apenas o sol como fonte de energia.