postado em 18/03/2012 18:23
Rio de Janeiro - As associações indígenas brasileiras vão utilizar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio%2b20, prevista para junho, no Rio de Janeiro, a fim de denunciar os problemas vividos pelos índios no país.;A gente está pensando em utilizar a Cúpula [dos Povos, evento paralelo à Rio%2b20] para dar visibilidade aos grandes problemas de violação de direitos e de violência que os povos indígenas vivem hoje no Brasil;, disse à Agência Brasil Sonia Guajajara, da coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e integrante da direção nacional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ela participa, no Rio, de seminário internacional para definição da metodologia da Cúpula dos Povos.
Sonia externou a preocupação dos indígenas em relação a leis, que qualificou de retrocesso. Entre elas, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 que transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a demarcação e homologação de terras indígenas e quilombolas e o Código Florestal.
Referiu-se também aos grandes empreendimentos, como hidrelétricas, que, segundo ela, trazem ;constantes pressões; sobre os territórios indígenas. ;São uma série de problemas que violam todos os dias os direitos que nós temos garantidos;. A participação dos índios na Cúpula dos Povos pretende denunciar o governo brasileiro ;por omissão e negação desses direitos;, destacou Sonia Guajajara.
A partir do dia 17 de junho, os indígenas brasileiros deverão estar no entorno do Aterro do Flamengo, com o Acampamento Terra Livre, instância máxima de deliberação dos povos indígenas do Brasil, que há oito anos é montado em Brasília. ;Como é um movimento nosso de debate político, era importante que a gente trouxesse essa discussão para cá também;, disse.
As instituições que compõem a Apib nas cinco regiões brasileiras ; Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, de Minas Gerais e do Espírito Santo (Apoinme), Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul), Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal e Região (Arpipan), Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpinsudeste) e a Coiab ; estarão presentes no Acampamento Terra Livre. Essas organizações se encarregarão de trazer à Cúpula dos Povos representações locais e estaduais. ;Assim, a gente consegue estar aqui com diversas expressões culturais, focando também no debate político;, declarou Sonia Guajajara.
O movimento está conectado ainda com toda a América Latina. Deverão enviar representantes à cúpula, a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), que abrange os nove países da região, a Coordenação Andina de Organizações Indígenas (Caoi) e o Conselho Indígena da América Central (Cica).
Os temas principais que serão abordados pelos indígenas incluem a questão de território, o impacto dos grandes empreendimentos e o direito de consentimento livre, prévio e informado das populações indígenas.