Brasil

Pesquisadora da Coppe diz que Brasil está atrasado em termos de saneamento

postado em 22/03/2012 19:25
Rio de Janeiro - A coordenadora do Laboratório de Controle da Poluição das Águas, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Marcia Dezotti, concorda com pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica, divulgada nesta quinta-feira (22/3), Dia Mundial da Água. ;É verdade que o saneamento básico não é priorizado no Brasil;, declarou. Na avaliação dela, o esgoto não é coletado, e quando é coletado, não recebe o tratamento adequado.

Isso significa, segundo a especialista, que enquanto os países mais desenvolvidos do mundo estão investindo em tecnologias para tratarem ainda melhor o esgoto, o Brasil tem um longo dever de casa a fazer nessa área. Ela recordou que o esgoto atual é diferente do esgoto que havia na década de 40 do século passado, por exemplo. ;Porque, hoje em dia, a gente utiliza uma quantidade de fármacos, de produtos de limpeza, de higiene pessoal, quimioterápicos, e essas substâncias todas têm como destino final o esgoto;.

Marcia Dezotti disse ainda que as instituições que fazem tratamento do esgoto são muito antigas. ;Fazem um tratamento da década de 1960. E no Brasil, a gente não tinha que estar falando em tratamento, mas, sim, em como tratar melhor o esgoto;. Os rios acabam sendo receptáculos finais de esgoto e de outras substâncias, como particulados e pesticidas.

Ela citou o casos positivos, de algumas cidades do estado de São Paulo, como Araras e Pirassununga, que alcançaram 100% de coleta e tratamento de esgoto. ;É um nível de desenvolvimento muito diferente na comparação com o que existe entre os diversos estados brasileiros;. No sentido oposto, mencionou o caso de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que têm apenas 1% de tratamento de esgoto. ;É zero. E são milhões de pessoas morando na região;.

Marcia Dezotti concordou também com a Fundação SOS Mata Atlântica sobre a deficiência dos municípios na área de saneamento básico. Para a especialista, o problema também atinge os estados. ;E também no estado, que estabelece algumas diretrizes. Se isso vira uma meta, tem de ser obedecido. Mas isso, na verdade, não existe. Fica tudo contaminado;.

Ela admitiu que coletar esgoto custa caro, porque é preciso haver rede coletora, mas tratar não é tão dispendioso. ;O que ocorre é que a gente tira petróleo do fundo do mar, do pré-sal, que é uma coisa super difícil de fazer, somos a sexta economia do mundo, indo para a quinta, e não coletamos e tratamos o esgoto?;, indagou a pesquisadora da Coppe. Segundo Marcia Dezotti, o mesmo vale para o tratamento da água, ;porque as nossas estações são obsoletas;.

Para ela, essa é uma questão de vontade política, no que se refere ao estabelecimento de metas e ao seu cumprimento. E lamentou que o país ainda tenha, no momento atual, de falar em necessidade de coletar e tratar esgoto. ;É triste, não?;.

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