Brasil

Amigos e admiradores se despedem de Millôr Fernandes antes da cremação

postado em 29/03/2012 14:10
Rio de Janeiro ; Dezenas de amigos e admiradores estiveram no velório do desenhista, jornalista, tradutor e escritor Millôr Fernandes nesta quinta-feira (29/3), no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio. Após as 15 horas, o corpo será cremado em cerimônia fechada. ;Foi o amor da minha vida, é tudo que posso dizer;, comentou, emocionada, a escritora Cora Ronai. ;Foi a melhor pessoa que conheci, a única que posso dizer que realmente foi um gênio sem medo de achar que estou falando bobagem;.

O irmão, Hélio Fernandes, também jornalista, disse ter sido o mais antigo amigo e fã de Millôr. ;Quando ele nasceu eu tinha 2 anos. Fui seu primeiro amigo. Era um gênio completo e insubstituível, um dos mais ecléticos que já conheci, pois não teve um setor que ele não descobrisse no qual não fosse verdadeiramente fantástico;. Para o escritor Ruy Castro, os textos e ideias de Millôr sempre iluminavam uma conversa que o ajudava a compreender o Brasil e o Mundo. ;Todos os pensadores internacionais juntos em um liquidificador não dariam meio copo do Millôr. Era um idealista e queria que o mundo funcionasse direito;.

O cartunista Chico Caruso chamou o amigo de batalhador e competitivo e elogiou o fato de Millôr ter usado ferramentas da internet, como o Twitter, para se comunicar até o ano passado quando adoeceu. ;Ele não admitia que ninguém fosse mais inteligente que ele, inclusive o computador, então ele brigou muito com o computador e se tornou um especialista;. Segundo a atriz Marília Pêra, Millôr era um homem livre. ;Não tinha time de futebol, não era ligado a nenhuma religião, era muito culto e engraçado;.

Carioca nascido em 1923, Millôr iniciou sua carreira de jornalista na revista O Cruzeiro. Mais tarde dirigiu a revista em quadrinhos O Guri e Detetive, de contos policiais e colaborou em inúmeras revistas como colunista. Traduziu vários livros e escreveu outros tantos, além de roteiros de cinema e peças de teatro, alguns premiados, como Pigmaleoa. Foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, em 1969, e da revista Pif-Paf, em 1974, que o consolidaram como um dos jornalistas que mais combateu a ditadura militar no país por meio de textos e charges.

Na última década, trabalhou como colunista em vários jornais e revistas. Millôr Fernandes havia recebido alta em novembro passado, após passar cinco meses internado em um hospital da zona sul do Rio, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico. Ele morreu na noite de terça de falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca em sua casa em Ipanema, na zona sul do Rio. Millôr deixou dois filhos, Ivan e Paul a.

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