postado em 04/04/2012 16:04
O trabalho nos cinco canteiros de obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), foi interrompido no começo desta manhã por um cordão de trabalhadores e manifestantes de movimentos sociais insatisfeitos com a construção da usina e as condições de trabalho.Cerca de dez pessoas formaram um cordão na saída de Altamira para a Rodovia Transamazônica que leva aos canteiros nos sítios Belo Monte, Pimental, Canais e Diques e às unidades de infraestrutura; e de porto e acesso. O cordão impediu a partida dos ônibus desde a madrugada (4h) até as 9h. O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) não soube informar quanto do trabalho já foi retomado.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Fenatracop), Wilmar Gomes dos Santos, disse que o grupo responsável pelo protesto não tem representatividade na base dos trabalhadores (7 mil pessoas). ;Fomos surpreendidos. É um movimento alheio aos trabalhadores;, defendeu.
Francenildo Teixeira Farias, operário do sítio infraestrutura (que constrói alojamento e refeitório) e apoiador do protesto ocorrido hoje, reclama do consórcio e da atuação sindical. ;Eles estão falando a língua do consórcio;, disse, se referindo à Fenatracop e ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav), em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia
A situação da obra da hidrelétrica foi tratada na tarde de ontem no Palácio do Planalto, durante a instalação da Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção, segundo Atnágoras Lopes, integrante da Central Sindical Popular ; Coordenação Nacional de Lutas (CSP-Conlutas). ;Aproveitamos para denunciar [as más condições de trabalho]. O governo ficou de olhar de perto;, disse à Agência Brasil.
Está marcado para as 16h desta quarta-feira (4/4), uma reunião entre o consórcio, os trabalhadores e o Sintrapav na Associação do Comércio e Indústria de Altamira. A pauta dos trabalhadores inclui o aumento das remunerações; redução do intervalo de visita à família (a cada 90 dias e não 180); melhoria na qualidade da comida e da água fornecida pelo consórcio aos empregados; o pagamento de horas extras aos sábados, e melhoria no transporte.
Para o delegado sindical, Wendel Lima, ligado ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav), os trabalhadores têm razão em protestar. ;É preciso melhorar as condições da obra;, disse reclamando especialmente dos ônibus que transportam diariamente os empregados.
O Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que é contrário à obra, afirma que o CCBM já preparou uma lista de empregados que serão demitidos por causa do movimento grevista iniciado há seis dias. A assessoria do consórcio nega que haja lista de desligamentos e diz que a intenção é continuar negociado com os trabalhadores. O consórcio tem até o dia 16 de abril para formalizar se aceita as reivindicações dos operários.