postado em 09/04/2012 15:49
Área de deslizamentos e desabamentos de casas no temporal de janeiro de 2011, a comunidade de Pimentel, em Teresópolis, na região serrana fluminense, voltou a sofrer com fortes chuvas na última semana, que provocaram deslizamentos e deixaram um morto. Neste ano, a situação poderia ter sido evitada, caso as sirenes instaladas pela Defesa Civil tivessem funcionado como planejado.Mas não foi o que aconteceu. A sirene, que avisa sobre os riscos de chuva forte e deslizamentos de terra, não soou. Por isso, muitos moradores da comunidade permaneceram em suas casas, apesar do temporal e das residências estarem localizadas em área de risco.
;A chuva começou às 16h de sexta-feira. Foi uma chuva muito forte. Deu a primeira pancada, a segunda, depois continuou a chuva. Aí começaram as luzes a apagar e acender. No final, a luz apagou totalmente. O desespero foi grande. Por volta das 22h, nós subimos as ruas gritando para o pessoal descer, porque a nossa sirene deu algum problema. Foi um verdadeiro pânico aqui dentro do bairro Pimentel;, conta o presidente da Associação de Moradores, Marcos Paulo da Silva.
Segundo Silva, algumas pessoas ouviram os chamados e deixaram suas casas, deslocando-se para um ponto de apoio seguro da Defesa Civil, localizado em uma igreja. Mas nem todos. Jason da Cunha Silva resolveu ficar em casa, para desentupir a calha de seu terreno e desviar a água acumulada na parte de trás de sua casa. Foi quando o barranco atrás de sua residência deslizou sobre ele, soterrando-o
Vizinhos, como Rosimere Portela, de 38 anos, ainda tentaram ajudar a desenterrá-lo com vida, sem sucesso. ;Eu estava dentro de casa, quando escutei um barulho. Olhei pela janela e vi que havia caído um pedaço do barranco. Cheguei na casa dele e um rapaz falou: ;moça, me empresta uma enxada e uma pá, porque meu filho está soterrado aqui;. Eu vim desesperada, correndo, pedindo a pá ao meu filho e desci com a pá, mas quando fui tirar ele, já tinha morrido;, afirmou Rosimere.
A própria Rosimere permaneceu em casa, com o filho, apesar da forte chuva, porque não ouviu qualquer alerta para sair. Mesma atitude tomou Ilda Pacheco da Silva, de 48 anos, que também ficou em casa porque não foi alertada.
[SAIBAMAIS]Por pouco, Ilda não foi vítima. Um barranco desabou atrás de sua casa. ;Ficamos todos deitados em cima da cama. Aí meu marido levantou e foi ver a janela. Ele disse: ;vem ver o que aconteceu aqui;. Aí eu fui para a janela. Quando eu cheguei lá tinha descido uma barreira atrás da casa. Diante disso, eu peguei meus documentos e fui para a casa da minha mãe do lado. Fiquei lá até a chuva passar. Não ouvimos nenhuma sirene;, disse.
De acordo com a prefeitura de Teresópolis, das 14 sirenes que deveriam soar na cidade, apenas quatro não soaram, entre elas a de Pimentel. Segundo a assessoria de imprensa, o acionamento é feito por SMS. Caso haja falha, núcleos comunitários de Defesa Civil têm agentes treinados para soá-las manualmente.
Não foi dada uma explicação sobre porque a sirene de Pimentel não funcionou. O prefeito Arlei Rosa diz que a Defesa Civil está vistoriando o sistema de sirenes e fará um relatório técnico ao final da vistoria.