Brasil

Acidentes na Grande BH mostram as duas faces da Lei Seca

Motorista na contramão atinge moto, faz teste do bafômetro e é indiciado criminalmente. Outro condutor com sintomas de embriaguez bate carro, recusa exame e se safa de processo

Guilherme Paranaiba/Estado de Minas
postado em 14/04/2012 09:16
Dois dias depois de a Câmara dos Deputados aprovar projeto para endurecer a Lei Seca, prevendo o uso, além do bafômetro e do exame de sangue, de outras provas para comprovar a embriaguez dos motoristas e indiciá-los em processo criminal, dois acidentes causados por condutores que ingeriram álcool mobilizaram agentes da Polícia Militar na Grande BH.

As duas ocorrências foram registradas na madrugada dessa sexta-feira e, em uma delas, por pouco não houve uma tragédia. Segundo a PM, um motorista bêbado entrou com um Golf na contramão da MG-424, em Vespasiano, na Grande BH, em trecho duplicado, e bateu de frente em uma motocicleta. O piloto da moto teve fraturas pelo corpo e foi encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital. No outro caso, uma batida na Avenida Prudente de Morais não deixou feridos.

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), no km 4 da MG-424, pouco depois da Cidade do Galo, em Vespasiano, o técnico em telecomunicações Luiz Alberto dos Santos Silva, de 29 anos, saiu de uma festa rave em um sítio, por volta das 3h. Ele seguiu pela estrada de ligação entre a MG-010 e a MG-424, onde entrou na pista para Pedro Leopoldo, só que na direção de BH. ;Ele andou uns 300 metros na contramão e bateu na moto que ia no sentido correto. O motoqueiro sofreu algumas fraturas e cortes;, disse o sargento Wanderson Magno de Castro.

Militares encontraram Luiz Alberto com sinais de embriaguez. ;Ele estava cambaleando, a fala era desconexa, os olhos estavam vermelhos e apresentava sonolência. Além disso, o hálito etílico não deixou dúvidas;, afirmou o policial. O condutor fez o teste do bafômetro, que indicou 0,63 miligramas de álcool por litro de sangue, o que significa que o motorista pode ser processado criminalmente, já que o teor passou de 0,34 miligramas de álcool por litro de sangue. A polícia recolheu a carteira de habilitação, multou o motorista em R$ 957,70 e apreendeu documentos e o veículo.

Na Delegacia de Trânsito de Vespasiano, o motorista reconheceu o erro de ter bebido e pegado o volante, mas culpou a sinalização da rodovia pelo acidente. ;Sei que estou errado, mas na hora do acidente estava consciente. Bati porque não conheço a região e as placas me confundiram;, disse o técnico em telecomunicações. Foi aberto inquérito para apurar o crime de embriaguez e o condutor foi liberado depois de pagar fiança de R$ 5 mil. Ele vai responder ao processo em liberdade.

O piloto da moto é pintor Getúlio Ferreira Rocha Almeida, de 33, que sofreu fratura exposta no punho direito e na perna direita, além de escoriações generalizadas. O quadro de saúde é estável e ele está sob observação médica.

SEM exame Outro caso de suspeita de embriaguez foi registrado na Avenida Prudente de Morais, no Bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de BH. Thiago Henrique Mendes Souza, de 24, conduzia um Peugeot em direção à Avenida do Contorno quando bateu na traseira de uma caminhonete da Polícia Federal. Militares do 22; Batalhão da PM registraram boletim de ocorrência no plantão do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MG). O condutor se recusou a fazer o teste do bafômetro e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). Ao recusar também o exame de sangue, foi submetido à avaliação clínica por um médico.

Segundo a ocorrência, ele afirmou aos militares que estava voltando de uma boate onde tinha bebido. A batida foi causada, segundo o relato dele à polícia, por um cochilo momentâneo. Ninguém ficou ferido e Thiago foi liberado depois de ouvido pelo delegado no Detran. Como não há provas válidas, como exame de sangue e teste de bafômetro, Thiago vai passar apenas pelo processo administrativo, além de pagar a multa de R$ 957,70 e ter a carteira recolhida.

O jovem escapou de entrar para as estatísticas da Polícia Civil por crime de embriaguez ao volante com ou sem vítimas, coisa que não ocorreu com o técnico em telecomunicações Luiz Alberto dos Santos Silva. Em 2011 foram abertos 1.283 inquéritos, enquanto em 2009 o número de processos chegou a 1.023. Até 31 de março desse ano, 225 inquéritos já foram instaurados, número que corresponde a 17,5% do total do ano passado.

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