postado em 31/05/2012 19:37
A vontade de muitos jovens brasileiros de terem uma experiência profissional no exterior já resultou em muitos casos de vítimas de tráfico de pessoas. De acordo com o Ministério da Justiça, no entanto, com o crescimento econômico do Brasil e o aumento da fiscalização, é cada vez mais comum a identificação de cidadãos europeus vítimas desse crime no território brasileiro, iludidos por falsas oportunidades de trabalho.;Durante muito tempo os brasileiros eram as maiores vítimas, quando iam aos países centrais. Agora, temos percebido que há ocorrência de tentativas de tráfico de pessoas a partir da América Latina e dos países centrais, que estão em crise. Neles, existem ocorrências de tentativas de tráfico de pessoas enviadas ao Brasil com o mesmo propósito;, disse nesta quinta-feira (31/5) o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão.
O combate a esse tipo de crime foi discutido no Seminário Internacional Brasil-União Europeia sobre Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A constatação de problemas comuns, de acordo com Paulo Abrão, resultou na necessidade de se aproximarem com o objetivo de planejar ações e definir parâmetros para a troca de informações. ;Vamos padronizar essa coleta de informações para que, em um ano, tenhamos dados confiáveis para formular nossas políticas;, adiantou.
Presente ao encontro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou a necessidade de cooperação internacional para enfrentar o tráfico de pessoas. ;Esse é um problema que preocupa muitos países do mundo, em especial a Comunidade Europeia. Portanto, o enfrentamento não passa apenas por medidas internas de nosso país. Sem uma relação internacional aprofundada e sem a conjugação de esforços, não será possível encontrarmos a solução;, disse.
Isso levou governos de diferentes países a ampliar parcerias visando ao combate desse tipo de crime que, segundo avaliação do secretário Paulo Abrão, ;já se constitui como o terceiro maior volume de ativos ilícitos no mundo;. De acordo com a embaixadora da União Europeia no Brasil, Ana Paula Zacarias, "o tráfico de pessoas movimenta US$ 7 bilhões anuais".
Apesar de os dados ainda serem preliminares, Abrão diz já ser possível identificar o perfil internacional das vítimas de tráfico. ;São principalmente mulheres entre 19 e 24 anos. Em geral, são traficadas para diferentes fins. Entre as modalidades mais comuns estão a exploração sexual, a remoção de órgãos e tecidos humanos, trabalho escravo ou servidão em casamentos;.
Abrão explica que as denuncias de prática desse crime no Brasil podem ser feitas nos núcleos e postos de enfrentamento ao tráfico de pessoas instalados em pontos de entrada no país e rodoviárias de diversos estados. ;As pessoas podem procurar esses locais para apresentar suas demandas, pois são eles que administram, in loco, a ocorrência dos fatos e depois os levam ao âmbito federal nível federal, para eventual ação articulada com a Polícia Federal;.