postado em 12/06/2012 16:41
Apesar de cair 13,44% na faixa etária de 10 a 17 anos, o trabalho infantil especificamente entre crianças de 10 a 13 anos aumentou no Brasil na última década, segundo dados do Censo Demográfico 2000/2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (12/6), por conta do Dia Internacional de Combate e Erradicação do Trabalho Infantil.Essa é a faixa etária considerada a mais preocupante, pois representa a transição entre os ensinos fundamental e médio, em que há alta incidência de abandono escolar e impacto sobre a aprendizagem. O crescimento foi de 1,56%, o que corresponde a cerca de 10,9 mil crianças a mais no mercado de trabalho. No total, considerando todas as faixas etárias, o IBGE identificou redução de 530 mil crianças e adolescentes ocupados.
De acordo com a secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), Isa Oliveira, presente em ato de comemoração à data, realizado no Ministério da Justiça (MJ), o aumento de 1,56% é ;grave e inaceitável;, ainda que pareça pouco representativo. ;Estatisticamente, pode não significar nada. Mas não quero falar de estatísticas, mas de vidas humanas. Isso representa vidas de crianças que estão com direitos violados;, disse. [SAIBAMAIS]
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário, afirmou que há setores mais resistentes à redução do trabalho infantil. "É nosso desafio atacar os núcleos duros do trabalho infantil, como os lixões. Temos de continuar integrando as redes de proteção à infância para reverter esse quadro de violência que existe, ainda que residualmente. Temos que atuar onde o Estado não chega", disse.
O crescimento mais significativo do trabalho entre crianças de 10 a 13 anos ocorreu em Roraima, no Amapá e Distrito Federal - que teve o aumento mais expressivo, de 179,4%, representando 3.067 crianças inseridas no mercado.
;Esses dados são de um período anterior [à atual gestão]. Acredito que agora que temos uma atuação mais sistemática, um novo estudo teria resultado diferente. Ainda assim, há necessidade de aprimorar a identificação das crianças nessa situação;, explicou o secretário de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Daniel Seidel.
Segundo Seidel, os locais onde há maior incidência de trabalho infantil no DF são as regiões administrativas Brazlândia, Samambaia (onde predomina o trabalho doméstico) e Estrutural - onde há um lixão.
O ato no MJ ainda teve a presença de representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em viagem de trabalho a Fortaleza, não compareceu.